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(- Saímos do fundamental, agora somos ensino médio, sintam o poder das palavras – gritou animadamente uma menina loira após todos terem recebido os boletins com a nota final. A maioria da sala concordou, jogando papéis de provas e trabalhos para cima, festejando a palavra a-pro-va-do).
- Até quem fim – Gabriela (a garota loira) relembrava dos gritos de animação no último dia de oitava série. – Caia em mim primeiro ano – ela fez uma cara sedutora para o vento. A garota estava entrando sozinha na escola enquanto lembrava do passado e imaginava o futuro.
- Gabriela “cara de tigela”! – uma morena, melhor amiga de Gabriela, correu com os braços abertos em direção a cumprimentada.
- Cara, se for para acordar de manhã cedinho, vir para a escola com olheiras e com frio, e ainda por cima ser recepcionada com esse apelido lindo, é melhor eu voltar para a minha cama linda e gostosa – ela se virou no intuito falso de voltar para casa, mas foi puxada pela amiga.
- Que é isso menina, me dá um abraço, tava com saudades! – as garotas se abraçaram fortemente.
- Senhorita Bianca, pode ficar bem quietinha, porque foi você que me abandonou quando decidiu ir para a praia e quase não voltar mais – as duas iam em direção a sala quase deserta.
- Ah, pior que eu quase fugi mesmo com aquele surfista carioca, nós íamos para as praias nordestinas – ela abriu um sorriso.
- Fazer o que lá?
- Nem te conto – a menina ergueu uma sobrancelha e depois riu, descansando a face. – É tão bom te ver assustada.
- Muito obrigada, mas é que... sabe né, de você não duvido nada.
- Nem eu – a menina ficou paralisada. – Mas, me conte tudo! Quem você conheceu nessas férias?
- Ah, ele é bem popular, todos falam dele...
- O Pedro? – Bianca a interrompeu assustada lembrando do nome do menino mais popular da escola.
- Não, o vento mesmo – ela falou com um tom normal e observando as unhas feitas.
- Nossa...
- Minha filha, de onde você tirou a ideia de que eu e o Pedro poderíamos ter algo?
- De popular e todos falam dele – relembrou as palavras da amiga.
- É, mas você não me deixou terminar: além de tudo isso, ele é bem famoso por faltar em algumas pessoas e em alguns momentos – ela fez uma expressão de malícia.
- Tipo na morte por asfixia?
- Trágica! Quem vê acha que é assim mesmo... é que não conhece a “bicha” aqui! – as duas riram.
- Algo eu devo ter aprendido nesses anos né!
- Claro que sim, como por exemplo, maliciar as coisas com uma sobrenatural rapidez!
- E também esconder que maliciei, para não deixar os outros constrangidos 24 horas.
- Sim, você e suas táticas – as duas caíram na risada e ficaram mais uns minutos conversando sozinhas.
- Minhas meninas! Quanto tempo! – falou normalmente ao lado das duas, um menino moreno e alto, abraçando-as.
- Meninas? – Bianca deu um risinho.
- Ué, não gostaram? – ele as soltou.
- Pensei que fossemos mulheres – a menina fez um bico e depois riu alto.
- Nem 18 anos vocês têm ainda!
- É que somos muito inteligentes e chegamos ao primeiro ano sem reprovar nenhum ano, não é senhor mega inteligente e repetente? – falou Gabriela, com um tom sério.
- Ok, ok, sei que estou chegando na “maior idade”, só que não precisa abusar! E eu não sou mais repetente, passei direto na sétima e oitava série – ele riu.
- Claro, nós duas o ajudamos na oitava, né querido – gabou-se Bianca.
- Aí você tem razão Bibi, por isso que vocês são minhas meninas – ele deu um sorriso.
- Coitado de você se não concordasse – Gabriela o serrou com os olhos.
- Sabe Gabi, você não me assusta mais com essa cara de mal! Sei que você não faz mal nem a uma mosca.
- ! Mosca tem reflexo muito bom...
- E você é loira, daí tudo tende a ser mais fácil para mosca viver – Bianca deu um risinho interrompendo. Gabriela nem deu bola a amiga.
- E Felipe, o senhor sabe como meu soco é forte, por isso, nunca duvide de mim! – ela o olhou com um olhar tipo: criada para matar seduzindo ao mesmo tempo.
- Quem te ensinou a dar soco fui eu, óbvio que você saberia dar soco forte, um ano treinando – ele riu lembrando das tentativas erradas dos socos da menina, até ela aprender, e ele, sempre foi o alvo dos socos.
- Custei para aprender, mas também depois que aprendi... – ela ergueu as sobrancelhas várias vezes, fazendo os outros dois rirem.
- Olha lá quem está chegando! – Bianca apontou para uma menina baixa, castanha e de óculos.
- Juli! – falou animadamente Gabriela, esperando a menina chegar na sala.
- Fala gente bonita, quanto tempo! – brincou, cumprimentando os três com um beijo no rosto.
- Pois é... – concordou Bianca, abraçando a menina.
- Viu meninas, eu vou lá na sala do terceiro ano, até – despediu-se o garoto, já indo em direção a sala predestinada.
- Sim, sim, você vive com eles né! – Gabriela aumentou o tom da voz.
- Eu já estudei com eles – respondeu o garoto rindo.
- Aé, você reprovou bastante né – tirou sarro Bianca.
- Foi só eu chegar – Juliana falou baixinho, mas alto o bastante para as outras duas escutarem.
- Ah coitadinha dela! – as duas pronunciaram em coro.
- Bobas – a outra só deu um risinho. 
- Deixe, tenho um ano para falar com ele – Gabriela deu um sorriso.
- Temos um ano para falar com ele – corrigiu Bianca.
- Falar o que? Parece que essas férias não fizeram muito bem para vocês duas – continuava com um risinho no rosto.
- E ainda nos chama de bobas, viu Bibi, essa menina não tem jeito mesmo.
- Claro que tem! Umas aulas e lições mudam ela rapidinho – as duas ficaram com uma expressão maldosa e ao mesmo tempo maliciosa.
- Sabe, às vezes eu tenho muito medo de vocês – Juliana fingiu uma cara assustada.
- E o Felipe ainda falou que não passo medo... Então né – gabou-se Gabriela. As outras duas deram um riso fraco.
- Mas me contem todas as novidades! – pediu Juliana, sentando no banco sendo acompanhada pelas amigas.
As fofocas sobre os dois meses e meio longe dos amigos foram prolongadas com a chegada de mais uma amiga.
- Sabe Mel, vi o nosso horóscopo do mês, e ele diz que nós teremos uma boa novidade, chance de encontrar a “cara metade” e que é para usarmos vermelho – Gabriela olhava para a amiga sentada ao seu lado.
- Nossa, é “nóis” Gabi – Melina bateu de leve na mão da outra.
- Novembro, me abençoe e me guie nessa jornada atrás do meu pretendente – a loira fechou os olhos e ergueu as mãos, mas logo relaxou e riu com a menina.
- Ixi, agora as unhas dessas duas vão ser vermelho o mês inteiro – Bianca, que estava prestando atenção, tirou sarro.
- Pior que vão – as duas concordaram.
- Eu não acredito nessas coisas – Juliana deu a sua opinião.
- Minha filha, tu já me conhece muito bem, e deve saber que comigo é o seguinte: ou acredita e vai atrás, faz promessa e tal, ou não acredita e fica só na esperança – Gabriela fez as outras rirem.
- Somos duas então – ainda rindo, Bianca concordou.
- Três – falou Melina.
- Então, somos um quarteto forever alone – Juliana abriu um sorriso.
- Solteira sim, sozinha nunca – cantarolou Bianca, lembrando da letra de um funk.
- Doida – Melina se referiu a Bianca –, mas, será que tem algum quarteto masculino de solteiros à nossa espera? – todas se entreolharam.
- Não, acho que não – Juliana desacreditou.
- Ah, vai saber, quem sabe sim – Bianca ergueu as sobrancelhas.
- Seria tão legal. Quatro amigas e quatro amigos, juntos, ah que massa – Gabriela começou a sonhar com a possibilidade.
- Mas é muito difícil gente.
- Essa é a Juli, a menina que acaba com os sonhos de qualquer pessoa – a loira brincou, como se estivesse “reapresentando” a menina para as amigas.
- É verdade – concordou Bianca.
- Meninas, pensem! Com certeza eles não vão chegar e falar: você que eu estava procurando, ou então rezava para TE encontrar. Ele chegará do nada e é capaz de você nem notar. Então, olho nos meninos e principalmente nos que são amigos – Melina descontraiu a fala fazendo uma cara maliciosa.
- Palmas para a Mel! – Bianca puxou as palmas e as quatro riram.
- Obrigada, obrigada – o sinal bateu na mesma hora em que a menina falava – ei, não estraga a minha fala – ela olhou para o sino enquanto falava, e as outras riram enquanto entravam na sala de aula.
- Onde que o Felipe se meteu? – pediu Gabriela, olhando para a amiga na frente.
- Sei lá, deve estar com alguma guria escondido por aí – respondeu Bianca olhando para a menina.
- Mas já? No primeiro dia? – assustou-se falando alto e chamando a atenção da professora. – Desculpe professora – a menina falou com um sorrisinho fraco no rosto.
- Aquele piá tem mais fogo que sei lá o que – Bianca rolou os olhos.
- Quem? – pediu Melina, virando para o lado (em direção as duas).
- O Fefezinho – Gabriela tirou sarro.
- Hum... Concordo com a Bia.
- Foi só falar no demônio que ele aparece – a loira encostou as costas na parede escutando alguém bater na porta.
Um aluno abriu a porta, e ao ver que era mesmo o garoto, Bianca virou para trás.
- Gabriela vidente! – bateu palmas baixinhas para a amiga.
Eles estava parado na porta, encostado na parede, e com as mãos no bolso da calça. Os alunos que sentam perto da janela – ou seja, as meninas e mais umas pessoas – podiam vê-lo perfeitamente.
- Meu Deus, o que é isso – Juliana, que estava olhando para ele, virou para as amigas e falou após um suspiro.
- O Felipe – Bianca falou com a voz mole.
- Eu sei que ele é meu melhor amigo, mas desculpe, não posso deixar de notar essa gostosura em forma de gente – Gabriela olhava atentamente ao garoto moreno.
- E esses olhos tão azuis... morri – Melina também o olhava.
- Entra menino – a professora tirou as meninas do transe e o garoto entrou.
Algumas meninas novas que ainda não tinham visto o garoto, surpreenderam-se com a beleza caminhando pela sala. Realmente, ele é muito lindo.
- Onde que você estava bonitão? – pediu Gabriela após ele sentar na carteira ao lado da menina.
- Por aí – ele a olhou sorrindo.
- Tem que ri – Bianca soltou uma risada falsa.
- Nunca mais guardo lugar pra você. Demora dez anos pra vir pra sala e nem agradece – Melina virou para trás e o olhou com cara de ofendida.
- Primeiro, nem pedi para você guardar lugar, mas já que guardou, muito obrigada Melininha – ele sorriu sem mostrar os dentes.
- De nada coração – a garota o olhou com um sorriso amarelo no rosto.

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