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(- Saímos do fundamental, agora somos ensino médio, sintam o poder das palavras – gritou animadamente uma menina loira após todos terem recebido os boletins com a nota final. A maioria da sala concordou, jogando papéis de provas e trabalhos para cima, festejando a palavra a-pro-va-do).
- Até quem fim – Gabriela (a garota loira) relembrava dos gritos de animação no último dia de oitava série. – Caia em mim primeiro ano – ela fez uma cara sedutora para o vento. A garota estava entrando sozinha na escola enquanto lembrava do passado e imaginava o futuro.
- Gabriela “cara de tigela”! – uma morena, melhor amiga de Gabriela, correu com os braços abertos em direção a cumprimentada.
- Cara, se for para acordar de manhã cedinho, vir para a escola com olheiras e com frio, e ainda por cima ser recepcionada com esse apelido lindo, é melhor eu voltar para a minha cama linda e gostosa – ela se virou no intuito falso de voltar para casa, mas foi puxada pela amiga.
- Que é isso menina, me dá um abraço, tava com saudades! – as garotas se abraçaram fortemente.
- Senhorita Bianca, pode ficar bem quietinha, porque foi você que me abandonou quando decidiu ir para a praia e quase não voltar mais – as duas iam em direção a sala quase deserta.
- Ah, pior que eu quase fugi mesmo com aquele surfista carioca, nós íamos para as praias nordestinas – ela abriu um sorriso.
- Fazer o que lá?
- Nem te conto – a menina ergueu uma sobrancelha e depois riu, descansando a face. – É tão bom te ver assustada.
- Muito obrigada, mas é que... sabe né, de você não duvido nada.
- Nem eu – a menina ficou paralisada. – Mas, me conte tudo! Quem você conheceu nessas férias?
- Ah, ele é bem popular, todos falam dele...
- O Pedro? – Bianca a interrompeu assustada lembrando do nome do menino mais popular da escola.
- Não, o vento mesmo – ela falou com um tom normal e observando as unhas feitas.
- Nossa...
- Minha filha, de onde você tirou a ideia de que eu e o Pedro poderíamos ter algo?
- De popular e todos falam dele – relembrou as palavras da amiga.
- É, mas você não me deixou terminar: além de tudo isso, ele é bem famoso por faltar em algumas pessoas e em alguns momentos – ela fez uma expressão de malícia.
- Tipo na morte por asfixia?
- Trágica! Quem vê acha que é assim mesmo... é que não conhece a “bicha” aqui! – as duas riram.
- Algo eu devo ter aprendido nesses anos né!
- Claro que sim, como por exemplo, maliciar as coisas com uma sobrenatural rapidez!
- E também esconder que maliciei, para não deixar os outros constrangidos 24 horas.
- Sim, você e suas táticas – as duas caíram na risada e ficaram mais uns minutos conversando sozinhas.
- Minhas meninas! Quanto tempo! – falou normalmente ao lado das duas, um menino moreno e alto, abraçando-as.
- Meninas? – Bianca deu um risinho.
- Ué, não gostaram? – ele as soltou.
- Pensei que fossemos mulheres – a menina fez um bico e depois riu alto.
- Nem 18 anos vocês têm ainda!
- É que somos muito inteligentes e chegamos ao primeiro ano sem reprovar nenhum ano, não é senhor mega inteligente e repetente? – falou Gabriela, com um tom sério.
- Ok, ok, sei que estou chegando na “maior idade”, só que não precisa abusar! E eu não sou mais repetente, passei direto na sétima e oitava série – ele riu.
- Claro, nós duas o ajudamos na oitava, né querido – gabou-se Bianca.
- Aí você tem razão Bibi, por isso que vocês são minhas meninas – ele deu um sorriso.
- Coitado de você se não concordasse – Gabriela o serrou com os olhos.
- Sabe Gabi, você não me assusta mais com essa cara de mal! Sei que você não faz mal nem a uma mosca.
- ! Mosca tem reflexo muito bom...
- E você é loira, daí tudo tende a ser mais fácil para mosca viver – Bianca deu um risinho interrompendo. Gabriela nem deu bola a amiga.
- E Felipe, o senhor sabe como meu soco é forte, por isso, nunca duvide de mim! – ela o olhou com um olhar tipo: criada para matar seduzindo ao mesmo tempo.
- Quem te ensinou a dar soco fui eu, óbvio que você saberia dar soco forte, um ano treinando – ele riu lembrando das tentativas erradas dos socos da menina, até ela aprender, e ele, sempre foi o alvo dos socos.
- Custei para aprender, mas também depois que aprendi... – ela ergueu as sobrancelhas várias vezes, fazendo os outros dois rirem.
- Olha lá quem está chegando! – Bianca apontou para uma menina baixa, castanha e de óculos.
- Juli! – falou animadamente Gabriela, esperando a menina chegar na sala.
- Fala gente bonita, quanto tempo! – brincou, cumprimentando os três com um beijo no rosto.
- Pois é... – concordou Bianca, abraçando a menina.
- Viu meninas, eu vou lá na sala do terceiro ano, até – despediu-se o garoto, já indo em direção a sala predestinada.
- Sim, sim, você vive com eles né! – Gabriela aumentou o tom da voz.
- Eu já estudei com eles – respondeu o garoto rindo.
- Aé, você reprovou bastante né – tirou sarro Bianca.
- Foi só eu chegar – Juliana falou baixinho, mas alto o bastante para as outras duas escutarem.
- Ah coitadinha dela! – as duas pronunciaram em coro.
- Bobas – a outra só deu um risinho. 
- Deixe, tenho um ano para falar com ele – Gabriela deu um sorriso.
- Temos um ano para falar com ele – corrigiu Bianca.
- Falar o que? Parece que essas férias não fizeram muito bem para vocês duas – continuava com um risinho no rosto.
- E ainda nos chama de bobas, viu Bibi, essa menina não tem jeito mesmo.
- Claro que tem! Umas aulas e lições mudam ela rapidinho – as duas ficaram com uma expressão maldosa e ao mesmo tempo maliciosa.
- Sabe, às vezes eu tenho muito medo de vocês – Juliana fingiu uma cara assustada.
- E o Felipe ainda falou que não passo medo... Então né – gabou-se Gabriela. As outras duas deram um riso fraco.
- Mas me contem todas as novidades! – pediu Juliana, sentando no banco sendo acompanhada pelas amigas.
As fofocas sobre os dois meses e meio longe dos amigos foram prolongadas com a chegada de mais uma amiga.
- Sabe Mel, vi o nosso horóscopo do mês, e ele diz que nós teremos uma boa novidade, chance de encontrar a “cara metade” e que é para usarmos vermelho – Gabriela olhava para a amiga sentada ao seu lado.
- Nossa, é “nóis” Gabi – Melina bateu de leve na mão da outra.
- Novembro, me abençoe e me guie nessa jornada atrás do meu pretendente – a loira fechou os olhos e ergueu as mãos, mas logo relaxou e riu com a menina.
- Ixi, agora as unhas dessas duas vão ser vermelho o mês inteiro – Bianca, que estava prestando atenção, tirou sarro.
- Pior que vão – as duas concordaram.
- Eu não acredito nessas coisas – Juliana deu a sua opinião.
- Minha filha, tu já me conhece muito bem, e deve saber que comigo é o seguinte: ou acredita e vai atrás, faz promessa e tal, ou não acredita e fica só na esperança – Gabriela fez as outras rirem.
- Somos duas então – ainda rindo, Bianca concordou.
- Três – falou Melina.
- Então, somos um quarteto forever alone – Juliana abriu um sorriso.
- Solteira sim, sozinha nunca – cantarolou Bianca, lembrando da letra de um funk.
- Doida – Melina se referiu a Bianca –, mas, será que tem algum quarteto masculino de solteiros à nossa espera? – todas se entreolharam.
- Não, acho que não – Juliana desacreditou.
- Ah, vai saber, quem sabe sim – Bianca ergueu as sobrancelhas.
- Seria tão legal. Quatro amigas e quatro amigos, juntos, ah que massa – Gabriela começou a sonhar com a possibilidade.
- Mas é muito difícil gente.
- Essa é a Juli, a menina que acaba com os sonhos de qualquer pessoa – a loira brincou, como se estivesse “reapresentando” a menina para as amigas.
- É verdade – concordou Bianca.
- Meninas, pensem! Com certeza eles não vão chegar e falar: você que eu estava procurando, ou então rezava para TE encontrar. Ele chegará do nada e é capaz de você nem notar. Então, olho nos meninos e principalmente nos que são amigos – Melina descontraiu a fala fazendo uma cara maliciosa.
- Palmas para a Mel! – Bianca puxou as palmas e as quatro riram.
- Obrigada, obrigada – o sinal bateu na mesma hora em que a menina falava – ei, não estraga a minha fala – ela olhou para o sino enquanto falava, e as outras riram enquanto entravam na sala de aula.
- Onde que o Felipe se meteu? – pediu Gabriela, olhando para a amiga na frente.
- Sei lá, deve estar com alguma guria escondido por aí – respondeu Bianca olhando para a menina.
- Mas já? No primeiro dia? – assustou-se falando alto e chamando a atenção da professora. – Desculpe professora – a menina falou com um sorrisinho fraco no rosto.
- Aquele piá tem mais fogo que sei lá o que – Bianca rolou os olhos.
- Quem? – pediu Melina, virando para o lado (em direção as duas).
- O Fefezinho – Gabriela tirou sarro.
- Hum... Concordo com a Bia.
- Foi só falar no demônio que ele aparece – a loira encostou as costas na parede escutando alguém bater na porta.
Um aluno abriu a porta, e ao ver que era mesmo o garoto, Bianca virou para trás.
- Gabriela vidente! – bateu palmas baixinhas para a amiga.
Eles estava parado na porta, encostado na parede, e com as mãos no bolso da calça. Os alunos que sentam perto da janela – ou seja, as meninas e mais umas pessoas – podiam vê-lo perfeitamente.
- Meu Deus, o que é isso – Juliana, que estava olhando para ele, virou para as amigas e falou após um suspiro.
- O Felipe – Bianca falou com a voz mole.
- Eu sei que ele é meu melhor amigo, mas desculpe, não posso deixar de notar essa gostosura em forma de gente – Gabriela olhava atentamente ao garoto moreno.
- E esses olhos tão azuis... morri – Melina também o olhava.
- Entra menino – a professora tirou as meninas do transe e o garoto entrou.
Algumas meninas novas que ainda não tinham visto o garoto, surpreenderam-se com a beleza caminhando pela sala. Realmente, ele é muito lindo.
- Onde que você estava bonitão? – pediu Gabriela após ele sentar na carteira ao lado da menina.
- Por aí – ele a olhou sorrindo.
- Tem que ri – Bianca soltou uma risada falsa.
- Nunca mais guardo lugar pra você. Demora dez anos pra vir pra sala e nem agradece – Melina virou para trás e o olhou com cara de ofendida.
- Primeiro, nem pedi para você guardar lugar, mas já que guardou, muito obrigada Melininha – ele sorriu sem mostrar os dentes.
- De nada coração – a garota o olhou com um sorriso amarelo no rosto.

"Para sempre lembrar..."

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Infelismente o meu amigo, que me inspirou para fazer esse texto e outros, sumiu. Ele não vai mais a escola, e não tenho nenhuma notícia dele. Matt tem as características dele, mas não importa. No dia 8 de fevereiro, eu interrompi a escrita desse livro, eu quase o excluí do computador e da minha vida, porque ele não apareceu mais. No dia seguinte, 9 de fevereiro, ele apareceu. Bendito dia, único dia, e nada mais. Confesso que tenho saudades dele, e também tenho saudades de outro amigo – Bruno tem as características dele – e ele também foi embora, infelizmente na dura vida real.

“E se não voltar você não pode fazer nada. A vida é assim mesmo. Nem tudo é pra sempre, muito menos a pessoa que você achava que seria. Digo isso porque hoje a pessoa que eu mais amava, considerava e achava que nunca iria me deixar, simplesmente sumiu, escafedeu-se e é muito ruim. Mas pensa que um dia vocês podem se reencontrar, isso me dá forças e eu acredito que também te dará.”
(retirado de um tumblr pela minha amiga)

Capítulo X

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Feel the adrenaline moving under my skin
It's an addiction, such an eruption
Sound is my remedy, feeding me energy
Music is all I need ♫

E num piscar de olhos, era dezembro. O aniversário de Luna já tinha passado e nenhuma festa foi feita, e também hoje era o de Matheus, bem no dia. Stella e Eduardo brigavam, voltavam, brigavam, terminavam de vez, se acertavam, ficavam, voltavam... E assim vai. Aliás, agora Eduardo teve que colocar aparelho, então os dois combinam a cor das borrachinhas todo final de mês (da para acreditar?). Bia nunca mais desconfiou do namorado, pelo menos nunca mostrou. É, Amanda e Julia queriam matar os seis por não terem ligado ou qualquer coisa do tipo no dia em que todos aqueles acontecimentos foram presenciados; Matheus parecia ter adivinhado o que Bruno iria fazer (já era de se esperar). Aliás, Luna e Matheus ficaram mais umas cinco vezes nesse espaço de tempo, mas nunca algo mais sério.
- Não sei por que fazer festa de 7ª série – rolou os olhos Luna.
- Por que nós não poderemos estar vivos ano que vem para comemorar – respondeu Beatriz que estava arrumando o cabelo no espelho de Luna.
- Oh! Que trágico Beatriz – ironizou Luna que estava sentada na cama.
- Que tal você se arrumar? Já é quase sete horas! – Beatriz se virou para Luna e colocou a mão na cintura.
- Minha maquiagem já está pronta, isso quer dizer, só falta colocar o vestido e meu tênis – Luna nem se mexia e ainda estava com roupa normal.
- TÊNIS? Você está louca é? Salto filha, você até comprou um! – Beatriz, que já estava de vestido e tudo, aliás um vestido lindo e maravilhoso preto tomara-que-caia e com paetês, se sentou na cama ao lado de Luna.
- É eu sei – a menina bufou.
- Vamos, rápido – apressou a amiga. Luna levantou e pegou o vestido pendurado na porta.
- Não gosto mais desse vestido – reclamou a menina.
- Ah não? Ele é lindo – Beatriz ficou admirando o vestido roxo escuro com rendas pretas, quase igual ao que ela sonhou há alguns meses atrás, mas ele não tinha um decote V nas costas e também não era muito comprido e nem largo, era justinho e o comprimento ia até ao meio das coxas.
- Ok, mas ele não fica legal, eu odeio minhas pernas – Luna já estava colocando o vestido.
- Para de reclamar pô!
- Pronto, agora, a onde está o sapato? – resmungou a loira procurando o par de sapatos no chão.
- Ta aqui – Beatriz pegou em cima da cama o sapato.
- Obrigada – Luna se sentou e colocou no pé. Quando levantou olhou para a amiga. – Putz, nem com salto tu é maior que eu – a menina riu do que disse.
- Sabe, eu também te amo, mas acho que você vai de tênis – as duas riram.
As duas se sentaram e ficaram em silêncio. Uns dois minutos depois um celular toca.
- Alô? – diz Beatriz.
- Oi amor – responde Guilherme.
- Oi coração, então, já ta pronto? – pediu a garota, olhando no relógio e vendo que faltava cinco para as sete e o horário de verão – quando o relógio é atrasado uma hora – já estava determinado, então o sol fica de pé até lá por umas oito horas da noite.
- Aham, eu já passo aí. Beijos.
- Ta, beijos – os dois desligaram. – Ele já vai passar aqui – Beatriz olhou para a amiga que estava paralisada.
- Ai que apreensão – Luna correu para o espelho retocar a maquiagem e passar perfume.
- O que? Apreensão? Hum, já sei – Beatriz fingiu que estava pensando –, é o Matheus né! – ela falou baixinho.
- Aham – Luna respondeu automaticamente –, não, bem capaz, da onde você tirou isso? Só tenho que dar parabéns pra ele – reformulou.
- Ei meninas, tudo pronto? – pediu Elisa parando na porta do quarto de Luna.
- Aham, só tive que convencer a Luna a colocar o sapato – Beatriz riu.
- Eu odeio salto né mãe – confirmou Luna.
- É só eu sei. Vão voltar a que horas? – pediu a mãe.
- Antes da uma hora – Luna abriu um sorriso.
- Não se atrasem né garotas, e qualquer coisa me liguem, lá deve pegar celular.
- Sim senhora, nem se preocupe, estaremos com o Guilherme e dele não desgrudaremos! – respondeu Beatriz. Após alguns minutos conversando, elas ouviram uma buzina e se despediram de Elisa.
- Até quem fim! Não aguentava esperar – fez doce Luna, cumprimentando Guilherme que tinha saído do carro e o pai do garoto.
- Como você colocou terno amor? Foi preciso muito trabalho? – brincou Beatriz dando um selinho no namorado.
- Não, até que não! – Guilherme fez cara feia para a menina. – Nem sei porque estou indo.
- Então ta, me deixe sozinha lá, mas depois não reclame – brincou Beatriz que apertou os olhos.
- Vamos de uma vez – apressou Luna sentando no banco de trás, ao mesmo tempo a amiga se sentou ao seu lado e Guilherme ficou no banco da frente.
A “viagem” até a chácara que ocorrerá a festa foi normal. Chegando lá, o sol ainda estava visível, mas logo iria se pôr.
- Nós temos que ver esse pôr do sol, aaaaah temos! – disse Beatriz descendo do carro.
- Então, temos que ser rápidos... – falou a amiga que já tinha descido do carro e já estava indo para dentro do recinto.
- Nossa aqui é bonito né! – Guilherme olhou para os lados.
- Quem é você e o que fez com meu namorado? – Beatriz esbugalhou os olhos e riu. – É bem bonito mesmo – os dois se abraçaram e entraram na sede.
- OOOI – gritou Julia e Stella que saíram correndo de um dos cantos do lugar até a direção da porta, resumindo, pularam em cima de Beatriz e Luna dando-as um abraço caloroso.
- Cara se eu cair desse salto vocês vão ver só! – avisou Luna fazendo todas rirem.
- Vamos vem – disse Stella puxando Luna para dentro do lugar. Era um salão enorme e alto, feito de madeira maciça, com o teto em forma de cone e todo decorado em lilás e branco.
- Ei! Me esperem – Beatriz soltou-se de Guilherme.
- Eu vou tentar achar o Matheus – gritou Guilherme para Beatriz que estava andando com Julia ao seu lado.
- OK! – respondeu a namorada.
Stella e Luna finalmente entraram no lugar, o corredor era um pouco grande. Sté se sentou em uma mesa perto da pista de dança e Luna ficou olhando para todos os lados. Algumas pessoas que conhecia e outras da segunda sétima já tinham chegado, mas ela não conseguia ver Matheus. Ela olhou para o palco montado mais para frente e viu o garoto mexendo na guitarra junto de alguns meninos que ela não conhece. Ela até iria lá falar com ele, mas viu Guilherme se aproximando deles, decidiu só ficar olhando. Guilherme falou alguma coisa no ouvido de Matheus e o garoto olhou para ela. Os dois paralisaram. O coração dos dois não batia, pulava (essa ficou esquisita hein). Sair correndo para encontrar o outro era a única opção que vinha na cabeça de ambos. Após muita luta para conseguir dar um passo, Matheus se move e vai à direção da menina que pensava: ele ta vindo, ele ta vindo, ele ta vindo, A MEU DEUS O QUE EU FAÇO?
- Oi – disse parando na frente de Luna.
- O-oi – gaguejou a menina a ver ele com um terno, sem gravata, os dois botões de cima da camisa desabotoados e all star preto.
- Você ta linda – elogiou-a.
- Ata, tu que está.
- Ta me irritando esse terno – ele disse sério.
- Ta me irritando esse salto – os dois riram.
- Então tira ué!
- A Beatriz me mata daí – ele deu risada e os dois ficaram uns segundos em silêncio. – Parabéns cara – o olho dela brilhou enquanto eles se abraçavam.
- Obrigada.
- Já pode tirar carteira de habilitação – os dois riram.
- Nem me fala.
- Depois me conta como é ter 18 anos – ela sorriu.
- Ixi, vai querer saber?
- É claro!
- Então ta – ele concordou.
- Conseguiu trazer teus amigos – ela disse olhando para o palco.
- Mas eles vinham, só não era confirmado por uma data da banda – explicou. – Então, depois vai cantar comigo?
- COMÉ? Eu não, ta loco! E que música seria? Nós nem ensaiamos nem nada! – agitou-se Luna após o convite.
- Hum, te conto em cima do palco – ele sorriu de canto.
- Idiota, me fala se não eu não canto – ela emburrou, de mentira é claro, a vontade era de dizer: aham eu canto com toda certeza; mas a coragem faz falta.
- Ta – ele chegou mais perto do ouvido dela e falou o nome da música –, então... Topa ou não topa?
- Ah – bufou –, ta bom, mas só por tua causa e se não gostarem a culpa é tua.
- Não se preocupe, você não vai se arrepender – Matheus deu aquele olhar misterioso para Luna que teve um arrepio pelo corpo inteiro.
- Ah conta porque eu não vou me arrepender! – pediu ela chegando mais perto dele.
- Não, e para de ser curiosa, agora vou ter que ir la ajeitar a guitarra. Já volto – sorriu.
- Ta, só não queime a guitarra – ela disse enquanto ele já saía. Ele só deu um sorriso e continuou a andar.
Luna, sem nenhuma escolha, sentou-se à mesa ao lado de Stella.
- Creio que se o Eduardo não vier eu mato esse pia, porque eu não vou ficar de vela – começou Sté.
- Não cria caso amor! – brincou Luna. – Agora, não sei se eu vou ficar de vela – ela fez cara de triste.
- ATÁ BOM – zoou a amiga –, como se tivesse você ficar de vela com o Matheus ao seu lado. Aquele colírio amiga...
- Tira o olho, você tem namorado – Luna apertou os olhos e as duas deram risada.
- Até quem fim achei vocês! – reclamou Beatriz, sentando-se ao lado de Luna. – Não perdi nada né?
- Não – respondeu Luna tentando não falar do acontecido.
- Rolou maior climão entre a Luna e o Matheus – entregou Stella.
- Asenhor – Luna bufou escorando as costas na cadeira e cruzando os braços.
- AH! Sério, conta tudo – pediu interessada Beatriz – Ei! Julia venha aqui – gritou a amiga, que estava com Amanda na porta, convidando a outra para escutar a fofoca.
- To indo – respondeu gritando Julia, puxando Amanda para a mesa.
- Oi gente – cumprimentou Amanda.
- Oi florzinha – respondeu Beatriz.
- Ta então o que tem? – pediu Julia.
- Assim, o Matheus estava lá no palco ajeitando a guitarra, sei lá, daí ele viu a Luna e veio correndo pra cá...
- Andando Stella, andando! – corrigiu Luna.
- Amor não me interrompa. Voltando, aí quando ele chegou começaram a conversar e só consegui ouvir que eles vão cantar, agora que música não sei.
- Dã, da onde Stella, eu vou ficar sentadinha na minha cadeira o vendo cantar e tocar aquelas lindas músicas de rock – suspirou Luna –, mas eu não canto! Sou horrível nisso.
- Não começa porque eu já te vi cantando no chuveiro quando eu fui posar na tua casa e você não canta mal – disse Julia.
- É e eu te vi cantando com o Bruno uma vez e concordo com a Ju, tu não canta mal – concordou Amanda.
- Quem concorda que a Luna não canta mal levanta a mão! – exclamou Beatriz. As quatro levantaram a mão, exceto, é claro, Luna.
- Ta, aí ele foi embora arrumar a guitarra e fim da história, viu que emocionante? – reinou Luna.
- A festa vai bombar hoje! – gritou Amanda.
- Que é isso menina, deu até de loucura hoje? – pediu Stella.
- Por favor, é uma festa maluco – Amanda começou a se balançar mesmo com uma música baixinha ao fundo.
- Cara, eu sou assim, estourada, e agora estou bem quietinha... Eu te contaminei Mandy!!! – Luna imitou alguém em estado de choque. Depois todas riram.
- Olá meninas – juntou-se a mesa Bruno, sentando ao lado de Julia.
- AAH TA LIINDO – os olhos de Luna de chegaram a brilhar a ver o garoto de terno.
- Não abusa – rolou os olhos Bruno.
- Concordo que ta lindo! – disse Julia. As outras meninas repetiram o que ela disse.
- Ta chega disso – falou Bruno –, quem viu o novo clipe da Rihanna?
- Tava demorando – resmungou Amanda.
O papo se estendeu, mas não muito, pois logo Luna se lembrou de uma coisa.
- Putz, agente não ia ver o pôr-do-sol? – gritou a menina.
- Diabo, é mesmo – disse Beatriz. As duas se levantaram e todos da mesa foram atrás delas.
- Gente, o pôr-do-sol está lindo, quem topa ir la ver? – pediu Luna no microfone.
- Opa bora! – escutou a voz de alguém.
- Demorou.
- Cara, cadê ele?
E assim foi a conversa até o lado de fora. Todos se posicionaram na beira da piscina. Era incrível como o sol pode pintar o céu de laranja. O céu parecia aqueles de filmes românticos que é a cena em que a mocinha e o mocinho se beijam, e as montanhas altas e planas emolduravam o lugar. Pinheiros também podiam ser vistos. Sul do Brasil... Um dos mais lindos lugares brasileiros. O silêncio predominava no local. As meninas ficavam juntas e os meninos também, mas logo um foi do lado do outro e casais foram criados. Beatriz e Guilherme ficaram abraçados; Stella encontrou Eduardo e também o abraçou. Julia e Bruno se encostaram um no outro, mas nada a mais; Luna e Amanda ficaram sozinhas. 
- Oi de novo – Matt chegou atrás de Luna cochichando, a menina, obviamente, levou um susto.
- Ai fantasma – murmurou a menina se virando pra frente.
- Boa idéia vir aqui fora. Olhe, todos juntinhos e abraçadinhos e blá-blá-blá – os dois olharam ao redor e comprovaram o que ele disse.
Uma música na sede começou a tocar. I’m Your’s do Jason Mraz. Dava muito bem de ouvir a música. Perfeito.
- Agora, quem vai ser o par perfeito da noite? – Luna riu do que disse. Matt a abraçou pela cintura.
- É esperar e descobrir – ele disse no ouvido dela. Automaticamente um arrepio passeou pelo corpo da menina. Os dois ficaram em silêncio olhando a paisagem.
- Depois tenho que conversar com você – avisou Bruno. Julia só olhou para ele e não respondeu.
- Eu te amo infinitamente – disse Guilherme perto de Beatriz que levou um arrepio ao pé do ouvido.
- Eu te amo mais, mas vou acreditar em você – ela riu baixinho.
- Obrigada por tudo, por esse ano maravilhoso, e que dure até o ano novo, e o outro ano, e o outro, e assim vai.
- Obrigada – os dois olharam para frente e se calaram.
- Novamente sozinha Amanda – resmungou a menina.
- Somos dois então – respondeu um menino ao seu lado. Ele até que era bonito. Alto, magro, olhos verdes reluzentes, cabelo negro. Ela sorriu e olhou para frente.
- Meu baixinho, eu te amo muito – Stella olhou para o namorado.
- Tu é do meu tamanho tampinha, eu te amo muito também – os dois riram.
O sol se abaixou fazendo as estrelas brilharem. Todos continuaram em silêncio e a música havia cessado, mas logo começou uma eletrônica e todos gritaram de felicidade e voltaram a sede, menos Bruno e Julia.
- Então, o que você quer me contar? – pediu Julia sentando em uma espreguiçadeira.
- Não sei como começar – ele respondeu sentando ao seu lado. Os dois se olharam por um momento e ele olhou para frente apoiando o cotovelo na perna.
- Hum... Pensa no que dizer – ajudou. Ele ficou quieto por um momento. Logo ele se virou para ela e desabafou.
- Eu vou embora, vou morar com a minha mãe, meu padrasto e meu irmão em outra cidade, e não sei se volto – falou rápido.
- O-o que? Não, você não vai me deixar sozinha. Bruno, pelo amor de Deus, pensa: com quem eu vou brigar, arrancar pedaço; quem vai dividir fone de ouvido comigo; quem vai sentar nos últimos bancos do ônibus indo pra casa e cortar o cabelo de uma menina ou gritar AE quando o ônibus passa por uma lombada? – ele riu, mas logo escorreu uma lágrima de seus olhos.
- Eu também não quero sair daqui. Quanta coisa eu consegui nesse lugar – Bruno olhou para baixo. – Já falei com a mãe, e eu sou obrigado a ir. Eu ia no começo do ano, mas daí não deu certo – mais lágrimas saíram de seus olhos e Julia também não segurou.
- Ah, o que será de mim sem meu melhor amigo? E olha, não é só eu, tem a Luna também e a Beatriz. Elas já sabem?
- Não.
- Por favor, não nos abandona – suplicou a menina.
- Por favor, não torne as coisas mais difíceis. Além disso, tem outra coisa – ele olhou sério para ela, mesmo chorando.
- O que? – ele hesitou em responder olhando para baixo.
- Isso é mais difícil...
- Fala de uma vez Bruno. Você já disse que vai embora, o que pode ser mais difícil que isso?
- Falar que eu te amo – ele disse olhando para ela.
Os dois ficaram em silêncio. Mais nada seria dito. Mesmo com o barulho da sede, de todos gritando, cantando, conversando, dançando... Mesmo com todo o alvoroço, o silêncio era profundo. Saber o que fazer eles até sabiam, agora quem tinha coragem? Bruno teve. Os dois se beijaram entre lágrimas em uma espreguiçadeira, no último encontro da 7ª série a luz do luar (cena de filme?).
A banda de Matheus tocava as melhores músicas... Rock é claro! Enquanto a maioria estava na pista dançando, outros estavam conversando e outros sentados na mesa.
- Ué, onde está a Julia e o Bruno? – pediu Luna.
- Sei lá, mas o Matheus toca bem mesmo hein! – disse Beatriz olhando para o palco.
- Escute ele tocando quase todos os dias e me fale se é bom – falou sério Guilherme. – To brincando, ele toca muito bem, bom... Ele mora atrás da minha casa, isso quer dizer que eu devo saber todas as músicas décor, mas tudo bem – continuou.
- Nossa, a Stella e o Eduardo dançando estão tão... Engraçados – comentou Amanda.
- Parecem duas criancinhas. Uma de salto e a outra de terno – Luna ria um monte. Todos riram também.
- Olá, posso me sentar ao seu lado – pediu o garoto do pôr-do-sol ao lado de Amanda, vendo uma cadeira vazia.
- Claro – ela olhou para as amigas e Guilherme e viu que estavam bem interessados em alguma coisa.
- Então, prazer André – disse o garoto já sentado ao lado da menina.
- Prazer, Amanda.
- Tudo bom?
- Aham, e você?
- Bem – ele sorriu.
- Você não estuda nas sétimas séries não?
- Não, eu reprovei, estou na 6ª. Ganhei um convite do Eduardo, mas ele me abandonou pra ficar com a Stella.
- Então, você é amigo dele.
- Aham, conversamos bastante.
- Hum – ela olhou para o lado.
- Namora? – pediu o piá.
- Não, e você? – respondeu e perguntou envergonhada a menina.
- Também não – ele ficou um pouco em silêncio –, você é muito linda sabia?
- Obrigada, você também é lindo – ela sorriu corada.
- Que nada, sou horrível – os dois riram.
- Não me faça discutir com você.
- Ok, se for pra brigar assim de cara eu fico quieto – e eles dois ficaram no maior papo, pareciam até amigos de anos, até que...
- Quero a atenção de todos, por favor – falou Matheus, no microfone logicamente, quando a música acabou. – Eu combinei com uma pessoa de cantar aqui, então... Luna venha até aqui – todos pararam e olharam para Luna que levantou e mal conseguiu ficar em pé. Não se sabe como o silêncio predominou o lugar. Ninguém viu, mas Bruno e Julia entraram pela porta lateral e ficaram no cantinho. Luna, em estado de choque, paralisou, e Beatriz percebendo a reação da amiga gritou:
- Vamos lá Luna! – todos bateram palmas, encorajando a menina. Ela foi até o palco e, enquanto Matheus passava a guitarra para o amigo/vocalista/guitarrista, ela foi pegando o microfone.
- Cara eu vou te matar, agente nem ensaiou nem nada – ela cochichou no ouvido dele.
- Não se preocupe, você sabe décor essa musica – ele riu.
- É eu sei, mas eu só canto em casa!
- Finja que é tua casa, foi assim comigo no começo – ela deu uma risada falsa e se virou para frente vendo todo mundo a olhando.
- Eu não vou conseguir – ela disse.
- É só cantar Luna, não tenha medo – incentivou uma amiga da platéia.
- Bom, essa música a maioria daqui deve conhecer... Smells Like Teen Spirit da banda Nirvana – ele disse no microfone. Palmas e gritos foram escutados e logo a música começou com aquele solo de guitarra maravilhoso.
Realmente a maioria conhecia aquela música. Aliás, quem não conhece?
- Load up your guns and bring your friends, it's fun to lose and to pretend” – ele cantou e fez um sinal para Luna cantar.
- “She's overbored and self assured. Oh, no, I know a dirty word” – ela seguiu meio sem confiança.
- “Hello, hello, hello, how low” – os dois cantaram junto.
- “With the lights out it’s less dangerous, Here we are now entertain us” – com o começo do refrão ela ficou mais segura e soltou a voz. Sim, ela cantava muito bem.
- “I feel stupid, and contagious, Here we are now entertain us” – continuou ele. – ‘I'm worse at what I do best and for this gift I feel blessed” – ele cantou calmo essa frase, que vem depois do refrão.
 – “Our little group has always been and always will until the end” – ela olhou para frente enquanto cantou essa frase e todos a saldaram com uma salva de palmas.
A música continuou, e a cada frase Luna ganhava mais intensidade na voz. Matheus estava feliz por vê-la rindo e cantando lindamente. Os dois tinham uma combinação de voz espetacular. Ele com uma voz meio rouca e ela com uma voz potente. A música terminou com todos cantando juntos e com o som bem baixinho, ou seja, as vozes de todos se destacavam. No final todos bateram palmas, pularam, gritaram... Fizeram a festa. Não se via mais pessoas lá fora, ou sentadas, ou conversando. A atenção era o palco.
- E agora, para não ficar só rock, que tal cantar uma música que também acho que todos conhecem? Só que agora é com a Luna.
- O quê? – praticamente gritou a menina. Ela esbugalhou os olhos e falou: que música?
- Oh nana – Matheus cantarolou com uma voz fininha. Alguns riram. A música começou a tocar, mas não com a banda, com um fundo de CD.
- Então, Beatriz, venha aqui e cante comigo – chamou Luna. Beatriz hesitou mas foi.
- “Oh nana, what’s my name. Oh nana, what’s my name” – cantou a menina; Matheus se aproximou dela, e quando terminou essa parte ele começou a dele:
- I heard you good with them soft lips – eles ficaram com o corpo um colado no outro. – I come alive in the night time (…) Only thing we have on is the radio. Ooooh – eles me balançaram conforme a batida da música –, let it play, say you gotta leave, but I know you wanna stay (…) Soon as I go the text you gon write is gon say...
- You got that something that keeps me so off balance. Baby you're a challenge, let's explore your talent – quando começou o refrão, as duas cantaram junto; Luna envolvida com Matheus e Beatriz ficava olhando para o namorado. Só Deus sabe quantas vezes essas duas cantaram essa música. – Hey boy I really wanna see if you can go downtown with a girl like me. Hey boy, I really wanna be with you – as duas cantaram e novamente Luna e Matheus se movimentavam conforme a batida da música, ele andando para trás e ela para frente (ela em sentido ele, entenderam?). Ele desceu do palco, deixando as duas amigas sozinhas la em cima. - Cause you just my type. I need a boy to take it over
- “Baby you got me, ain't nowhere that I'd be, than with your arms around me” – cantou Beatriz.
- “So I surrender, to every word you whisper”- as duas cantavam como se estivessem em casa na frente do espelho com a música no celular. Alguns minutos depois, a música estava acabando e todos estavam cantando o refrão juntos.
- Ooooh, Oooooh – terminaram a música cantarolando. Palmas invadiram o local e as duas agradeceram aos amigos na platéia. Elas podiam ver os melhores amigos quase explodindo de alegria; Beatriz também via o namorado sorrindo alegremente enquanto batia palma e Luna encontrou Matheus que balançou a cabeça em forma de “sim” enquanto também batia palma.
- Ai, minha adrenalina se esgotou hoje – Luna suspirou enquanto falava sentada na mesa. Todos já aviam se contido e Matheus saiu do palco também, agora sentava-se ao lado de Luna.
- Acho que não – disse o garoto.
- Ixi, o que mais vai acontecer? – perguntou Stella.
- Você vai ver! – respondeu Matt com um sorriso de canto.
- Amanda! – chamou Stella.
- Oi – respondeu a amiga tirando a atenção de André.
- Deixa pra namorar depois amor, pelo jeito vai acontecer uma coisa.
- Quando acontecer me fala! – e ela voltou a conversar alegremente com o garoto.
- O que aconteceu que você ta com os olhos vermelhos Julia? E você também Bruno? – pediu Beatriz preocupada.
- Nada não, outro dia eu conto – respondeu Bruno.
- É, outro dia, hoje não, está tudo tão animado – concordou Julia.
- Cara, como vai ser a oitava série? Todos aqui vão ficar juntos né? – disse Luna. Bruno e Julia se olharam, mas não iriam falar nada hoje.
- Acho que sim né gente? – Beatriz disse e todos concordaram, menos Bruno, mas ninguém viu ele ficar sem reação.
- Esse é o melhor final de ano letivo da vida de qualquer um aqui! – falou Stella.
- É – concordaram os casais enquanto um sorria para o outro, até Julia e Bruno sorriram.
- Pois é, já que está tudo animado, eu vou aproveitar – Matheus se levantou e todos olharam para ele. Stella cutucou Amanda que tirou novamente a atenção de André.
- Manda a ver piazão – brincou Eduardo.
- Luna, levanta – pediu Matheus. Beatriz já pegou a câmera fotográfica, qualquer coisa que acontece... – Assim eu não sou nenhum mestre em romantismo, e tal, mas tudo que falo eu falo de coração, disso você sabe.
- Onde você quer chegar? – interrompeu Luna, que estava virada para ele.
- Cala a boca Luna – disse Beatriz.
- Continuando, acho que hoje você mostrou que com um empurrãozinho você consegue muita coisa. Você sabe o que é certo. E acho que esse empurrãozinho que eu te dei foi muito beneficente. Voltando ao assunto: acho que... Isso ta errado. Espera – ele olhou para o lado, pensativo. – Quer saber, eu vou resumir, já que romantismo não é comigo... – ele pegou na mão de Luna e chegou mais perto dela.
- Matheus – ela sussurrou com a voz trêmula.
- Eu te amo tanto. Esse um ano eu me segurei muito para não fazer qualquer burrada, ou qualquer coisa precipitada. Não me entenda mal, por favor! Mas, o que eu sempre quis fazer... É isso. Luna, após tanto tempo, tantas coisas, você... – ele parou.
- Vai de uma vez antes que eu tenha um ataque aqui – gritou Stella, Beatriz concordou e Julia e Amanda também. Luna não conseguia falar. Era de mais para ela. Tudo isso em uma noite só. Que noite!
- Você aceita namorar comigo? – ele pediu. A mão dos dois suava frio. Ela começou a tremer, mexendo os lábios em sinal de pensamento. Logo ela suspirou, fechou os olhos e a tensão acabou. Para ela. Ele pensava: sim ou não, sim ou não, por favor sim, por favor sim, não responda não... E por aí vai. Ela chegou mais perto, quase colada no rosto dele.
- Preciso dizer que sim? – eles dois sorriram e se beijaram delicadamente e cheio de emoção.

Capítulo IX

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One look and I'm done, one glance from your eyes and
I'm captivated
The taste of your skin, the warmth of your hungry lips
Has me so taken ♫

- Então, os garotos estão falando pra eu ficar com você de uma vez – Eduardo soltou uma risada forçada. Stella ficou olhando para ele séria.
- Hum, interessante.
- Interessante o que? – ele parou de “rir” e a olhou sério.
- O jeito que você chega em uma menina! – ela continuou falando séria. Ele ficou imóvel.
- Er, você sabe né! Não sou dos mais românticos – ele começou a fazer brincadeirinhas. A garota só ergueu uma sobrancelha.
- Para de ser idiota!
- Nossa, mau-humor!!! – surpreendeu-se.
- Ta, desculpa – ela se virou para frente e suspirou.
- Eu só estou tentando achar um jeito... – ele falava baixinho e virou o rosto para frente também. Ele queria completar a frase, mas algo dizia para ele ficar quieto.
- Do que? – pediu delicadamente a menina, virando o rosto para ele e percebendo a frustração do garoto.
- De te conquistar – ele falou ainda olhando para frente. Stella paralisou, e ele só tinha dito uma frase (então, só imagine).
- E por que você quer me conquistar? – ela estava morrendo de medo de ela se iludir, Amanda vivia falando isso pra ela.
- Adivinha Stella – falou sarcástico o garoto olhando para ela. A menina não tirava os olhos dele, e agora com os dois se encarando, ela podia ver no fundo dos olhos dele o porquê que ele quer conquistá-la. – Eu sei que não sou o mais romântico da face da Terra, e muito menos o mais delicado e apaixonado, mas eu tento. Todas as vezes que um dia eu já tentei foram fracassadas, por isso sou assim... “Pegão”. Não sei se você me entende ou se me julga, mas eu não tenho culpa – ele, que olhava mais ainda para ela a cada palavra que dizia, olhou para baixo mostrando a fragilidade que o tomava; já ela olhava paralisada para o garoto.
- Eu também não sei se te entendo ou te julgo, mas como irei te entender? E como irei te julgar por alguma coisa que você não fez? Nem todos precisam ser o mais romântico ou o mais carinhoso, mas pode falar as verdades calmamente. Não precisa saber poemas decores, muito menos frases de amor, ou criar na hora. Basta falar a verdade – Eduardo ergueu o rosto, olhando para ela que o fitava incansavelmente. Tudo o que ela dissera era verdade.
- Obrigado – foi a única coisa que pode sair da boca dele. Mais uma palavra e todas as outras palavras que saírem iriam se misturar com lágrimas. Ele sempre quis ser o mais pegador para não ter que falar coisas bonitas, fofinhas e tal. Mas ele sempre quis ser romântico, desejado por todas as garotas e chamado de perfeito.
- Qual é a verdade? – Stella não tinha mais medo de qualquer reação idiota. Ela tinha conseguido tirar a máscara dele. Eduardo ficou quieto um pouco, pensando nas melhores e mais lindas palavras. Somente algumas apareciam na cabeça dele.
- Que eu nunca consegui te conquistar, mas sempre quis. Que passei noites pensando se que eu namorasse com você, eu seria tudo o que você desejaria. Que eu te amo profundamente, e que eu só descobri agora – os dois não faziam nada além de se olharem. Nada mais poderia ser feito (quer dizer poderia, mas...).
As palavras, qualquer palavra possível, até a mais idiota sumiram. Eles só sabiam se olhar e isso não irritava nenhum dos dois. Era até bom eles se olharem; era mágico. Eduardo não queria perder tempo, na verdade não queria perder todo o tempo que já gastou. Agora, qualquer minuto era o último, e eles não sabiam para o que. Ele foi se aproximando dela, calmamente. O coração da garota pularia para fora do peito a qualquer segundo. O dele também. Ela continuava paralisada enquanto ele passava a mão dele no pescoço dela. Stella fechou os olhos para poder só sentir; não queria ver. Como sempre, tudo a volta sumira quando o beijo começou. Era delicado, os dois tinham medo de fazer algo errado, mas aos poucos foi tomando ritmo, era como a batida de uma música. Cantarolada, que da vontade de dançar; pular; gritar. Ela se ajeitou e continuou o beijo. Eduardo já não pensava em mais nada, nunca pensou que isso poderia acontecer.

Beatriz andava rápida a procura do namorado. Ela passou pela lanchonete, pelas quadras, pelo parquinho de diversões, pelo teatro de arena, pelas árvores e deu uma boa olhada na pista para ver se ele estava com os amigos andando de skate, mas nada do garoto. Ele também não atendia o celular. A garota já estava tendo um ataque de nervos. Restava o pior lugar do parque, aquele lugar aonde eles começaram a namorar... No lugar reservado que quase ninguém vai. Ela foi contando os passos, rezando para não encontrar ele fazendo algo errado ou simplesmente vê-lo conversando.
Sua idiota deixe o garoto. Você às vezes some com a Luna... Mas ela é sua melhor amiga. E se você ver o pior? O que eu faço Senhor? Bom, se ele tiver fazendo algo errado, que Deus me livre, mas se acontecer você não terá um ataque do coração e muito menos falara como uma louca. Você agira normal, mas faça um pouco de drama, é sempre bom! Cadê a Luna nessas horas, ela falaria como eu tenho que agir. Ta, então, rezarei muito para ele não ter feito nada...” – pensava a garota enquanto andava.
Em menos de 5 minutos ela chegou ao local. Ela viu algumas meninas conversando com alguém que estava atrás de uma árvore. Beatriz foi se aproximando. A adrenalina era inevitável, suas pernas tremiam e seu coração estava disparado. As garotas ficaram quietas após a ver, o que dava mais medo em Beatriz. Quando ela chegou do lado das meninas olhou para a pessoa atrás da árvore. Guilherme estava abraçado com uma menina.
- Asenhor – foi a única coisa que Beatriz disse.
- Bia – assustou-se Guilherme, dando um pulo do banco e consequentemente largando a garota.
- O-ou – falou a menina que estava abraçada ao garoto há dois segundos atrás.
- Beatriz, escuta... – começou o garoto, mas Beatriz já estava dando uns passos para trás.
- Fim – disse Beatriz, e saiu correndo.
Lágrimas escorriam incansavelmente de seus olhos. Milhares de pensamentos vinham em sua cabeça, como por exemplo: era só um abraço; ou: deixe dele. Ela estava sem saber o que fazer. Correr era sua única escolha. O primeiro banco que achou, foi o primeiro que sentou. Com a cabeça afundada nas mãos e chorando, o mundo simplesmente poderia acabar. Por trás de qualquer muralha que Beatriz tenha, está uma menina frágil e sensível. Depois de uns 10 minutos, o choro tinha passado um pouco, mas a cabeça ainda estava afundada nas mãos.
- O-oi – uma voz familiar falou, sentando-se ao seu lado. Beatriz não fez questão nenhuma de levantar a cabeça. A pessoa não falou mais nada, e Beatriz então, levantou a cabeça.
- Hum? – pediu a menina, tentando limpar os olhos embaçados pelas lágrimas, e percebendo quem estava ao seu lado.
- Desculpa – murmurou.
- Saí daqui Guilherme – falou seca a menina.
- Deixa eu explicar, por favor – ele falava trêmulo e com medo. O medo de perder a namorada.
- Explicar o que? Que você estava abraçado com uma menina linda e maravilhosa – ela nem era –, enquanto eu ficava incansavelmente te procurando nessa droga de parque? – ele respirou fundo e ela olhou para frente.
- Sabe porque eu estava abraçado na menina?
- Porque? – falou baixinho sem olhar para ele.
- Porque ela é minha amiga, conselheira e prima – respondeu o garoto, rezando para que ela não brigasse mais ainda com ele.
- Ah vai se catar! Não coloque a culpa na menina seu desgraçado. Conte essa merda para outro, eu não acredito nisso.
- Beatriz, cansei. Eu te amo, muito, não to afim de nós terminarmos por causa disso...
- Por causa disso? De você estar em um grupinho de meninas sozinho, você acha que eu gosto disso?
- Não, mas me entenda...
- ENTENDER O QUE?
- Quer ir falar com a garota, com a Flavia?
- Não muito obrigado, quero falar com a Luna. Aliás, com licença, vou achar a minha melhor amiga – ela se levantou, deu alguns passos e falou: não fale mais comigo, pois da próxima vez que você dirigir a palavra a mim, você terá se arrependido de ter nascido – ela saiu em qualquer direção tentando achar a amiga.
Guilherme estava arrasado. Tudo o que dissera era verdade. Ele ama ela, estava abraçado com sua prima, conversando com as amigas dela quando simplesmente Beatriz chegou e fez um rebuliço. Beatriz tinha Luna, e Guilherme não tinha ninguém. Ele poderia falar com o Matheus, mas o garoto iria dizer que ele estava errado e blá-blá-blá.

- Como será que a Stella e o Eduardo estão? – perguntou Luna, que estava abraçada a Matheus.
- Pra que se preocupar com eles? – pediu o garoto.
- Sei lá, sou assim, preocupada com os outros... Aliás, e a Beatriz deve estar de beijos com o Guilherme agora!
- Não sei – murmurou Matt.
- Por que não estaria?
- Por que estaria?
- Engraçadinho – Luna deu uma risada forçada.
- Só estou falando a verdade! – após falar, ele deu um beijo no cabelo de Luna.
- Sonho – sussurrou a garota.
- O que você disse? – ele pediu somente para confirmar o que escutou.
- Sonho – disse normal.
- Por quê?
- Isso parece um sonho. Os três casaizinhos lindinhos no parque – os dois riram –, pareci a Bia agora – eles riram novamente. – Acho que o sonho que mais importa é que eu estou com você. É esse o sonho. Eu e você... Juntos – uma lágrima saiu de seu olho, eles se olharam e novamente se beijaram. Como sempre, o beijo deles era calmo e delicado, doce e desejado. Terminaram o beijo com alguns selinhos, ela abriu os olhos e falou: eu tenho medo. Muito medo.
- Do quê? – Matheus pediu, passando a costas do dedo indicador levemente pelas linhas do rosto de Luna.  
- Que um dia tudo isso acabe, ou que eu acorde de um sonho. Por favor, me diga que isso não vai acabar – sua voz ficou trêmula.
- Não vai acabar, você vai ver – ele tentava a tranqüilizar.
- Promete?
- Prometo – ele sorriu.
- Só que... Acho que não é tão fácil assim. Você sabe, todas as dificuldades que nós iremos passar... – ela começou, mas ele a interrompeu colocando o dedo indicador no lábio dela.
- Já disse que isso não vai acabar, eu prometi. Nós vamos enfrentar tudo, tudo mesmo. Não se preocupe, eu não deixarei nada te abalar, ou te machucar, sei lá, qualquer coisa que te prejudique, eu estarei aqui para te proteger – após ele terminar de falar, Luna lhe deu um abraço forte e ele correspondeu. – Sabe aquele dia, lá na sala que você tinha caído e tal? – Luna só balançou a cabeça afirmando que sim e o soltou para olhá-lo. – Então, eu falei um monte de coisa né, pois lembra quando eu fui dizer declaração eu meio que... Parei e pensei?
- Lembro, ô se lembro!
- Eu disse amizade, mas foi por o “izade” se meter na frente do “or” – eles deram uma risada baixinha.
- Você não presta sabia! – falou sério a menina.
- Nossa, por quê?
- Porque desde o começo do ano quando você simplesmente apareceu na minha sala no segundo dia de aula, não é vagabundo – ele riu –, então... Nossa, você era “ô cara”. E lembra que as primeiras palavras que nós trocamos foi: quer ficar com ela? E você disse: não to ficando com uma menina – os dois riram. – Ou então aquela vez que tava frio, frio, frio e eu tremendo, você me abraçou e me esquentou por mais de 45 minutos – eles sorriram.
- Lembra aquele dia que a Beatriz soltou a idiota piada dos neurônios? – só Matheus riu, pois Luna ficou com uma cara de tacho.
- É, lembro – disse seca.
- E lembra agora, que eu estou viajando em seus olhos, sentindo o calor dos seus lábios, nunca esqueça disso... Nunca – Matt falou baixinho e Luna mordeu o lábio inferior em sinal de vergonha. Os dois riram e deram um selinho demorado.
- Você também nunca esqueça que meu coração já foi as alturas, que minha vida foi mudada, e que meu medo foi deixado de lado. Nunca esqueça que eu já te amei, e te amo – o medo que a garota tinha de falar as palavras te amo passou, e a coragem a tomou.
- Eu estava esperando por isso. Eu estava com medo de ser o primeiro.
- Para?
- Falar eu te amo – eles se abraçaram. Luna encostou a cabeça no peito dele e ficou olhando para o parque.
- Cara, eu acho que aquela é a Bia né? – a garota avistou a possível amiga bem longe andando para lá e para cá.
- Pior que é.
- Asenhor, vamos lá, ela deve ta procurando o Guile ainda – Luna já estava levantando.
- Ta, vamos – Matheus segurou na mão de Luna que o olhou com os olhos esbugalhados, mas que depois riu. Os dois foram de mãos dadas até perto da amiga.
- Até quem fim achei vocês – Beatriz estava com os olhos vermelhos.
- Eu que te achei, ingrata – Luna rolou os olhos.

- Sabe, eu acho que esse é o melhor dia da minha vida – disse Stella que estava com a cabeça deitada no colo de Eduardo.
- Eu não acho, tenho certeza – Eduardo sorriu de canto.
- Eita clichê – ela riu.
- Clichê?
- Asenhor – ela revirou os olhos.
- Ei! Não fala assim, eu só não sei o que é clichê.
- Frase pronta; pensamento que todo mundo tem, essas coisas.
- Hum, legal. Mas é verdade o que eu disse, eu tenho certeza que esse é o melhor dia da minha vida! – os dois sorriram e se beijaram.
- E a Beatriz? – pediu Stella.
- O que tem?
- O que será que aconteceu? To curiosa – a menina fez cara de choro.
- Ah! Vai querer procurar ela?
- Aham – ela desfez a cara de choro para um sorriso enorme.
- To com preguiça, porque agente não fica aqui...
- Ela é minha amiga, eu vou atrás dela, vamos ou vai ficar sozinho? – ela já estava levantando.
- Sarna! – reclamou o garoto.                  
- Posso até ser, mas você me ama! – gabou-se a menina. Eduardo chegou ao seu lado e passou o braço na cintura dela, e ela fez o mesmo na cintura dele.
Eles procuraram, procuraram, procuraram e nada de achar ela. Quando já estavam desistindo, os olhos de águia (hehehe) de Stella achou a garota e os outros dois amigos. Eles três conversavam sem parar, mas o papo não parecia dos melhores.
- Oi Bia, então o que aconteceu? – pediu Stella se sentando ao lado de Luna (que estava com a mão entrelaçada na de Matheus). Eduardo sentou ao seu lado e Beatriz ficou sentada sozinha no banco da frente.
- O Guile estava abraçado com uma menina que ele diz que é prima dele, mas a Bia não acredita – explicou Luna, sabendo que a amiga não teria condições para responder.
- É, mas esse idiota não vai me deixar em depressão profunda e muito menos com medo de viver – disse Beatriz.
- Ta, mas você acha que ele tava te traindo, ou coisa assim? Pois pelo que entendi só estava abraçado – perguntou Eduardo.
- Ah, por favor, ele sumiu do parque; tava la no fim, você acha mais alguma coisa? – Beatriz estava revoltada.
- Eu concordo com o Eduardo. Ele tava só abraçando ela, e se ela for mesmo prima dele? – falou Matheus.
- Prima serve só para uma coisa – ela revirou os olhos.
- Não generaliza Beatriz – repreendeu Luna. – Por que você não vai falar com ele?
- Eu não vou falar com ele...
- Bia, vai quem sabe assim será melhor – ajudou Stella.
- EU NÃO VOU – Beatriz gritou assustando os outros quatro.
- Então ta, só que depois não vem chorar dizendo que ama ele... – Luna começou, mas foi interrompida por uma figura atrás de Beatriz. Todos engoliram a seco. Beatriz percebendo o jeito estranho dos amigos se virou.
- Er, oi – Guilherme falou. Ninguém disse nada por algum tempo, Beatriz virou para frente (para os amigos) em silêncio também.
- Oi Guilherme – falou seca Luna.
- Então, Bia podemos conversar? – o garoto falou calmo e baixinho, morrendo de medo da menina. Beatriz respirou fundo e contou até dez mentalmente. A raiva subia pelas veias da menina e se espalhava por todo o corpo. Os quatro amigos temiam qualquer reação precipitada da garota. Beatriz quando está com raiva é igual a cachorro louco (ta, nem tanto). Ela se levantou lentamente e olhou para ele, ficando de costas para os amigos.
- Guilherme, o que você tem para conversar? – ela disse séria, tentando controlar a respiração.
- Eu só quero te explicar o porque que eu estava abraçado na Flavia, amor – Guilherme falava com a voz baixinha.
- Amor? Hum, interessante – ela colocou o dedo indicador no lábio e olhou para cima; Luna abraçou Matt e sussurrou: eu não estou a fim de ver a “baia de pau” que ele vai levar –, mas você é um idiota, cafajeste, acéfalo, porque você não se joga de um precipício – ela ia chegando mais perto dele –, porque não? É tão fácil. Mas não, você faz a pior coisa, me trair. Cara, se tu não gosta mais de mim FALA! Não precisa fazer isso. Mas agora que já fez, que se foda – ela terminou de falar quando estava bem perto dele.
A raiva era incontrolável. Uma lágrima saiu por conta própria, e foi o que deu forças para Beatriz bater em Guilherme. Matheus levantou, pois se precisasse, iria ajudar. Eduardo caiu na risada e Stella deu um tapa na cabeça dele, mandando ele ficar quieto; Luna colocou a mão na boca e arregalou os olhos. Guilherme tentava segurar os braços da menina, mas ela se debatia até se soltar; mais lágrimas saíam de seus olhos. O garoto deve ter levado uns bons tapas, pois a força que Beatriz fazia era imensa. Depois de mais alguns tapas, ela se rendeu, chorando mais ainda (e Matt sentou).  
- Eu já disse: ela é minha prima; e se você quiser, eu vou em um prédio qualquer e pulo dele, mas esteja la em baixo para me ver. Se você não acredita, desculpa, mas você está errada. Você provaria que me ama acreditando em mim, e você não acredita – ele deu um passo, o passo para colar nela –, eu vim aqui me redimir, pedir desculpas por algo que eu não fiz, mas eu não quero que você chore, também não estou bravo, e você tem que saber que eu te amo e não ficaria com ninguém a não ser você. Um abraço mata? – ele a abraçou e ela não correspondeu. O abraço não durou muito, foi para mostrar o que tinha acontecido a algum tempinho atrás.
- Ta, e se eu falar que acredito? Na verdade, eu acredito, mas é que eu te amo tanto que o ciúme falou alto, alto de mais – ela olhou para baixo. Ninguém se mexia. Nem um passarinho cantava.
- Se você falar que acredita? Acho que ficarei muito, muito, muito, muito feliz. Iria te beijar até o pulmão começar a falhar... É bom que tenhamos ciúmes, mas muito é ruim. Se você abraçar um amigo teu, um primo teu, sei lá, eu não vou ter essa crise. Entenda.
- Ok – ela ficou pensando enquanto olhava para baixo –, vai demorar só um pouquinho para eu voltar totalmente ao normal, sabe né, me traumatizei – ela fez cara de choro –, mas o que você iria fazer mesmo se eu acreditasse? Aliás, eu acredito – Guilherme riu de canto, Luna e Stella levantaram e gritaram “AE!”. Eduardo e Matheus se obrigaram a levantar quando os outros dois se aproximaram.
Beatriz e Guilherme, consequentemente, se beijaram. Enquanto os dois se beijavam, Matheus olhou para Luna que estava dando risada; logo a garota percebeu os olhos de Matt nela e se virou para ele. Os dois riram e se beijaram também. Stella não acreditava na cena que via, e Eduardo a puxou pela cintura e também se beijaram. A cena era como nos filmes: três casais apaixonados se beijando embaixo de uma árvore – seca por causa do inverno – no parque.

- Aliás, vocês estão de boa mesmo agora? – pediu Eduardo (que estava abraçado com Stella) para Beatriz.
- É, por enquanto – ela sorriu se apertando mais nos braços de Guilherme.
- Até quem fim, não aguentava mais isso – reclamou Luna (que estava sentada ao lado de Matheus, mas com a cabeça encostada no ombro dele).
- Não reclama! – Guilherme brincou.
- Bom, agora somos três casais amigos, cara isso parece filme – pensou alto Stella.
- Falando nisso – agitou-se Beatriz –, vocês dois, estão namorando? – ela se referiu a Stella e Eduardo.
- Ainda não – revirou os olhos a garota, esperando reação dele.
- Então né pia... – apressou Beatriz.
- Não o forçaremos a nada – brincou Luna. Todos riram.
- E vocês dois, já se acertaram? – pediu Stella olhando para Luna. Ela ficou calada, só se endireitou a postura (ou seja, ficou certinha ao lado de Matt esperando a resposta dele).
- Vamos, alguém fale alguma coisa! – disse Guilherme.
- Acertamos? Nunca brigamos – Matheus se fez de desentendido; Luna olhou para baixo e riu baixinho; os outros riram.
- Não se faça de idiota Matt – reclamou Beatriz.
- Hum – pensou o garoto –, é...
- Só é? Quem é você e o que fez com o Matheus – Stella esbugalhou os olhos; ela estava falando sobre o romantismo moderno do garoto.
- To pensando em palavras lindas – Matt deu um sorriso enorme e Luna riu.
- Qual tua fonte de inspiração Romeu? – pediu Eduardo.
- Ficar com o coração acelerado, a mão tremendo... Adrenalina – explicou o outro.
- Então ta! Beije a Luna – deu a idéia Stella. Luna só olhou com cara de “ah-ta-bom!” para a amiga.
- Ela não deixa – Matheus deu um sorriso de canto.
- AH DEIXA SIIIIIIIM – respondeu Beatriz.
- Deixa né! – ajudou Guilherme.
- DEIXA, DEIXA, DEIXA – cantarolou Stella. Eduardo riu. Matheus olhou para Luna que também estava o olhando.
- Bem capaz né! – disse Luna, ainda mantendo os olhos no garoto.
- Ai Luna, aqui é todo mundo amigo – Beatriz mesma riu do que falou.
- Ta, nós estamos... Acertados? – hesitou com a última palavra Matheus. Os dois não paravam de se olhar.
- Ok, melhorando a frase: vocês já ficaram, então um dia vão namorar? – Stella fazia gestos com a mão e ergueu as sobrancelhas.
- Cara, nós só ficamos! – Luna tirou os olhos de Matt, sabia que iria corar com a resposta que deu.
- E um dia vão namorar? – pediu interessada Beatriz nem dando bola para a resposta da amiga.
- Mas pare de ser curiosa menina. O futuro só a Deus pertence! – Matheus deu um sorriso pelo que disse.
- Nossa, educado – ofendeu-se a menina.
- Vamos com calma Beatriz – Luna se irritou com a amiga.
- Ok! Só depois não reclame – “deu o recado” Stella, apontando para Luna que revirou os olhos.
- Chega disso né? Sei lá, vamos animar – reclamou Eduardo. Luna virou o rosto para o lado (Matt percebeu a atitude da garota); Beatriz deitou no colo de Guilherme e começou a escutar música. No final estavam todos cantando rock!
Sabe aquele dizer: nem todo sorriso que trago no rosto é o que sinto? Ou qualquer coisa parecida com isso? Pode parecer um clichê, a atitude mais pronta da face da Terra. E é, mas ficou assim tão conhecida e usada pelo simples fato de ser a realidade. Luna, Stella, Eduardo, Matheus, Guilherme, Beatriz. Todos estavam com seus lindos sorrisos no rosto, mas por dentro suas faces não eram de alegria. Poderiam até ter gotas de felicidade, de amarelo; vermelho; azul; verde. Beatriz ainda estava preocupada com a história do Guilherme; o garoto estava com medo de perder a namorada. Eduardo queria um jeito simples e não precisar ser o mais romântico para pedir Stella em namoro; Stella precisava pensar em como namoraria com ele, se namorasse! Luna estava indecisa. Se namorava ou não com Matheus quando/se ele pedisse. Ela queria muito, mas e como ficaria com sua família? Com tudo? Isso a deixava pensativa, e de tanto pensar ela começou a desistir de qualquer chance de namoro (assim como Stella). Matt tinha as coisas emboladas na cabeça: 1º - pedia ou não Luna em namoro? 2º - se pedisse, ela iria aceitar? 3º - e se ela aceitasse, seria fácil namorar com alguém de 5 anos de diferença? 4º - e a vida dele como ficaria?
As perguntas rodavam na cabeça dos amigos e pausas de silêncio os tomavam. Mesmo com todos sabendo de algumas possibilidades de acertar o que o outro estava dizendo, mais essa pergunta se formara... O que o outro está pensando?
- Engraçado, que tal ficarmos nos nossos silêncios? Concordo com qualquer um que disser que esta pensando muito – sugeriu Luna que tinha deitado na grama (aliás, todos estavam no chão: banco não se usa nunca!)
- Estou pensando muito. Pronto agora quem mais concorda? – pediu Beatriz. Todos concordaram. Bia se sentou e abraçou as pernas; Stella ficou sentada normal só que olhando para baixo; Luna só fechou os olhos esperando que nenhuma lágrima saísse. Eduardo ficou olhando para a direção do parque e Guilherme o acompanhou; Matheus ficou sentado de um jeito desleixado olhando para qualquer nada que aparecesse.
E todos aqueles pensamentos, perguntas e sentimentos apareciam. Era inevitável um não olhar para o outro. Não existia mais unha para ser ruída, muito menos argumento para salvar qualquer um deles. Restavam-lhe conversar. Somente conversar.
 - Acho que temos que decidir tudo hoje, agora. Esperar mais um pouco só vai nos fazer sofrer. Se for para chorar que seja aqui e agora – disse Beatriz que já estava sentada normal.
- Concordo – foi a única palavra de Matt.
- Ok, quem começa? – pediu Stella. – Eu não vou começar. Vamos lá Bia, vai você primeiro já que foi o primeiro caso do dia – sugeriu.
- Ok – ela se virou para Guilherme que à deu atenção total –, assim, chateada eu estou bastante, já brigamos, nos acertamos e blá-blá-blá. Eu perdi um pouco de confiança em você, mas eu ainda te amo –  Beatriz já estava com a voz falhando, então decidiu terminar de uma vez.
- Eu sei que não devia ter sumido, mas... Bom é melhor eu não falar muito porque se não vai dar rolo e não estou afim disso. Eu também te amo – terminou o garoto. Bia deu um sorrisinho e se aninhou nos braços do namorado.
- AE! Pronto, agora... Luna e Matheus – comandou Stella. Luna se assustou e olhou para a amiga.
- Então... Eu estava pensando e é melhor deixar como está Luna – Matheus olhava para a menina que o correspondia. – Não sei se é muito rápido, que tal esperarmos só mais um pouquinho? Ou talvez esse só um pouquinho se prolongue. Vamos dar o tempo certo. Que tudo aconteça em seu devido horário – o garoto estava com medo de qualquer possível reação dela, mas a face de Luna relaxou mais a cada palavra que ele dizia.
- Obrigada. Sério, obrigada. Já estava preparando minha fala quase igual a tua. Só quero que saiba uma coisa – ela disse bem baixinho, quase imperceptível: eu te amo!
- Eu também – sussurrou Matheus, fazendo os dois rirem.
- Chegou tua vez neném – brincou Beatriz dirigindo a palavra para Stella que se virou para Eduardo.
- To esperando – cantarolou a menina. O garoto suspirou e ajeitou a postura, virando-se para ela.
- Bom você já sabe que eu não sou nem um pouco chegado a romantismo, mas você também sabe que eu te amo. Então é, é isso. Eu te amo, mas não sei como te pedir em namoro também não sei se é a hora certa – ele, que até então falava rápido e apressado, parou de falar, viajando em pensamentos. O olho dele era profundo; aquele lindo castanho profundo. – Stella, você aceita namorar comigo?
Não é preciso nem dizer que o coração dos dois iria pular para fora a qualquer momento, né?
- E-e-e-eu... – ela respirou fundo para dizer: eu aceito!
Terminar essa frase foi como tirar um peso enorme das costas. Os dois suspiraram e sorriram emocionados; e é claro se beijaram.
- Eu vou chorar! Eu vou chorar! Eu vou chorar! – repetia emocionada Beatriz, enquanto observava os dois se beijando.
- Realmente foi lindo – concordou Guilherme que também estava olhando. Aliás, tinha como não olhar e não se emocionar?
Luna olhou para Matheus que percebeu o olhar. Os dois se abraçaram e suspiraram; o garoto encostou o queixo na cabeça dela. Uma lágrima desceu pela maçã do rosto da menina, que se apertou mais ainda no corpo de Matt. Stella sentiu seu olho ficar cheio de lágrimas, e não desperdiçou tempo em derramá-las. O beijo acabou com alguns selinhos e o sorriso de todos.
- Viva os novos namorados! – comemorou Beatriz.
- Viva minhas duas amigas namorando! – disse Luna.
- Viva eu e meu namorado! – Stella riu do que disse.
- Legal, todo mundo namorando... – Beatriz fez cara de tédio –, nem todo mundo – completou.
- Rawr – Luna serrou os olhos para a amiga.
- Iih! Antes era E.T. agora é o que? – Stella perguntou a Luna.
- Dinossauro – Matheus deu risada depois que falou.
- Sou mil e uma utilidades amor! Quando precisa eu me desdobro em vááááárias coisas! – brincou Luna, apontando para Stella.
- Opa, então deu boa! – Beatriz levantou uma sobrancelha para Luna.
- O QUE? Assédio sexual – Luna esbugalhou os olhos; Matheus começou com um ataque de risos inacabáveis, contaminando todos. Após o ataque de risos inacabáveis, eles decidiram passear um pouco pelo parque, porque daqui a pouco já iriam para casa (o frio estava aumentando!).
Beatriz estava de mãos dadas com Guilherme, assim como Stella e Eduardo. Já Luna e Matheus só andavam um do lado do outro, sem nada de mãos dadas e nem abraços.
- Sabe, eu estou começando a achar que a Amanda e a Julia ficaram furiosas com nós seis – disse Luna, olhando para frente.
- Putz, é mesmo – lembrou Stella, colocando a mão na boca.
- Não vi nada que possa deixá-las furiosas – refletiu Eduardo.
- Mano, elas não viram a cena linda de você e da Stella – respondeu Beatriz.
- Eu já até sei a reação do Bruno: colocar os fones de ouvido verde e escutar Lady Gaga! – falou Matheus. Todos do grupo riram e continuaram a conversar e caminhar.