Capítulo IX

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One look and I'm done, one glance from your eyes and
I'm captivated
The taste of your skin, the warmth of your hungry lips
Has me so taken ♫

- Então, os garotos estão falando pra eu ficar com você de uma vez – Eduardo soltou uma risada forçada. Stella ficou olhando para ele séria.
- Hum, interessante.
- Interessante o que? – ele parou de “rir” e a olhou sério.
- O jeito que você chega em uma menina! – ela continuou falando séria. Ele ficou imóvel.
- Er, você sabe né! Não sou dos mais românticos – ele começou a fazer brincadeirinhas. A garota só ergueu uma sobrancelha.
- Para de ser idiota!
- Nossa, mau-humor!!! – surpreendeu-se.
- Ta, desculpa – ela se virou para frente e suspirou.
- Eu só estou tentando achar um jeito... – ele falava baixinho e virou o rosto para frente também. Ele queria completar a frase, mas algo dizia para ele ficar quieto.
- Do que? – pediu delicadamente a menina, virando o rosto para ele e percebendo a frustração do garoto.
- De te conquistar – ele falou ainda olhando para frente. Stella paralisou, e ele só tinha dito uma frase (então, só imagine).
- E por que você quer me conquistar? – ela estava morrendo de medo de ela se iludir, Amanda vivia falando isso pra ela.
- Adivinha Stella – falou sarcástico o garoto olhando para ela. A menina não tirava os olhos dele, e agora com os dois se encarando, ela podia ver no fundo dos olhos dele o porquê que ele quer conquistá-la. – Eu sei que não sou o mais romântico da face da Terra, e muito menos o mais delicado e apaixonado, mas eu tento. Todas as vezes que um dia eu já tentei foram fracassadas, por isso sou assim... “Pegão”. Não sei se você me entende ou se me julga, mas eu não tenho culpa – ele, que olhava mais ainda para ela a cada palavra que dizia, olhou para baixo mostrando a fragilidade que o tomava; já ela olhava paralisada para o garoto.
- Eu também não sei se te entendo ou te julgo, mas como irei te entender? E como irei te julgar por alguma coisa que você não fez? Nem todos precisam ser o mais romântico ou o mais carinhoso, mas pode falar as verdades calmamente. Não precisa saber poemas decores, muito menos frases de amor, ou criar na hora. Basta falar a verdade – Eduardo ergueu o rosto, olhando para ela que o fitava incansavelmente. Tudo o que ela dissera era verdade.
- Obrigado – foi a única coisa que pode sair da boca dele. Mais uma palavra e todas as outras palavras que saírem iriam se misturar com lágrimas. Ele sempre quis ser o mais pegador para não ter que falar coisas bonitas, fofinhas e tal. Mas ele sempre quis ser romântico, desejado por todas as garotas e chamado de perfeito.
- Qual é a verdade? – Stella não tinha mais medo de qualquer reação idiota. Ela tinha conseguido tirar a máscara dele. Eduardo ficou quieto um pouco, pensando nas melhores e mais lindas palavras. Somente algumas apareciam na cabeça dele.
- Que eu nunca consegui te conquistar, mas sempre quis. Que passei noites pensando se que eu namorasse com você, eu seria tudo o que você desejaria. Que eu te amo profundamente, e que eu só descobri agora – os dois não faziam nada além de se olharem. Nada mais poderia ser feito (quer dizer poderia, mas...).
As palavras, qualquer palavra possível, até a mais idiota sumiram. Eles só sabiam se olhar e isso não irritava nenhum dos dois. Era até bom eles se olharem; era mágico. Eduardo não queria perder tempo, na verdade não queria perder todo o tempo que já gastou. Agora, qualquer minuto era o último, e eles não sabiam para o que. Ele foi se aproximando dela, calmamente. O coração da garota pularia para fora do peito a qualquer segundo. O dele também. Ela continuava paralisada enquanto ele passava a mão dele no pescoço dela. Stella fechou os olhos para poder só sentir; não queria ver. Como sempre, tudo a volta sumira quando o beijo começou. Era delicado, os dois tinham medo de fazer algo errado, mas aos poucos foi tomando ritmo, era como a batida de uma música. Cantarolada, que da vontade de dançar; pular; gritar. Ela se ajeitou e continuou o beijo. Eduardo já não pensava em mais nada, nunca pensou que isso poderia acontecer.

Beatriz andava rápida a procura do namorado. Ela passou pela lanchonete, pelas quadras, pelo parquinho de diversões, pelo teatro de arena, pelas árvores e deu uma boa olhada na pista para ver se ele estava com os amigos andando de skate, mas nada do garoto. Ele também não atendia o celular. A garota já estava tendo um ataque de nervos. Restava o pior lugar do parque, aquele lugar aonde eles começaram a namorar... No lugar reservado que quase ninguém vai. Ela foi contando os passos, rezando para não encontrar ele fazendo algo errado ou simplesmente vê-lo conversando.
Sua idiota deixe o garoto. Você às vezes some com a Luna... Mas ela é sua melhor amiga. E se você ver o pior? O que eu faço Senhor? Bom, se ele tiver fazendo algo errado, que Deus me livre, mas se acontecer você não terá um ataque do coração e muito menos falara como uma louca. Você agira normal, mas faça um pouco de drama, é sempre bom! Cadê a Luna nessas horas, ela falaria como eu tenho que agir. Ta, então, rezarei muito para ele não ter feito nada...” – pensava a garota enquanto andava.
Em menos de 5 minutos ela chegou ao local. Ela viu algumas meninas conversando com alguém que estava atrás de uma árvore. Beatriz foi se aproximando. A adrenalina era inevitável, suas pernas tremiam e seu coração estava disparado. As garotas ficaram quietas após a ver, o que dava mais medo em Beatriz. Quando ela chegou do lado das meninas olhou para a pessoa atrás da árvore. Guilherme estava abraçado com uma menina.
- Asenhor – foi a única coisa que Beatriz disse.
- Bia – assustou-se Guilherme, dando um pulo do banco e consequentemente largando a garota.
- O-ou – falou a menina que estava abraçada ao garoto há dois segundos atrás.
- Beatriz, escuta... – começou o garoto, mas Beatriz já estava dando uns passos para trás.
- Fim – disse Beatriz, e saiu correndo.
Lágrimas escorriam incansavelmente de seus olhos. Milhares de pensamentos vinham em sua cabeça, como por exemplo: era só um abraço; ou: deixe dele. Ela estava sem saber o que fazer. Correr era sua única escolha. O primeiro banco que achou, foi o primeiro que sentou. Com a cabeça afundada nas mãos e chorando, o mundo simplesmente poderia acabar. Por trás de qualquer muralha que Beatriz tenha, está uma menina frágil e sensível. Depois de uns 10 minutos, o choro tinha passado um pouco, mas a cabeça ainda estava afundada nas mãos.
- O-oi – uma voz familiar falou, sentando-se ao seu lado. Beatriz não fez questão nenhuma de levantar a cabeça. A pessoa não falou mais nada, e Beatriz então, levantou a cabeça.
- Hum? – pediu a menina, tentando limpar os olhos embaçados pelas lágrimas, e percebendo quem estava ao seu lado.
- Desculpa – murmurou.
- Saí daqui Guilherme – falou seca a menina.
- Deixa eu explicar, por favor – ele falava trêmulo e com medo. O medo de perder a namorada.
- Explicar o que? Que você estava abraçado com uma menina linda e maravilhosa – ela nem era –, enquanto eu ficava incansavelmente te procurando nessa droga de parque? – ele respirou fundo e ela olhou para frente.
- Sabe porque eu estava abraçado na menina?
- Porque? – falou baixinho sem olhar para ele.
- Porque ela é minha amiga, conselheira e prima – respondeu o garoto, rezando para que ela não brigasse mais ainda com ele.
- Ah vai se catar! Não coloque a culpa na menina seu desgraçado. Conte essa merda para outro, eu não acredito nisso.
- Beatriz, cansei. Eu te amo, muito, não to afim de nós terminarmos por causa disso...
- Por causa disso? De você estar em um grupinho de meninas sozinho, você acha que eu gosto disso?
- Não, mas me entenda...
- ENTENDER O QUE?
- Quer ir falar com a garota, com a Flavia?
- Não muito obrigado, quero falar com a Luna. Aliás, com licença, vou achar a minha melhor amiga – ela se levantou, deu alguns passos e falou: não fale mais comigo, pois da próxima vez que você dirigir a palavra a mim, você terá se arrependido de ter nascido – ela saiu em qualquer direção tentando achar a amiga.
Guilherme estava arrasado. Tudo o que dissera era verdade. Ele ama ela, estava abraçado com sua prima, conversando com as amigas dela quando simplesmente Beatriz chegou e fez um rebuliço. Beatriz tinha Luna, e Guilherme não tinha ninguém. Ele poderia falar com o Matheus, mas o garoto iria dizer que ele estava errado e blá-blá-blá.

- Como será que a Stella e o Eduardo estão? – perguntou Luna, que estava abraçada a Matheus.
- Pra que se preocupar com eles? – pediu o garoto.
- Sei lá, sou assim, preocupada com os outros... Aliás, e a Beatriz deve estar de beijos com o Guilherme agora!
- Não sei – murmurou Matt.
- Por que não estaria?
- Por que estaria?
- Engraçadinho – Luna deu uma risada forçada.
- Só estou falando a verdade! – após falar, ele deu um beijo no cabelo de Luna.
- Sonho – sussurrou a garota.
- O que você disse? – ele pediu somente para confirmar o que escutou.
- Sonho – disse normal.
- Por quê?
- Isso parece um sonho. Os três casaizinhos lindinhos no parque – os dois riram –, pareci a Bia agora – eles riram novamente. – Acho que o sonho que mais importa é que eu estou com você. É esse o sonho. Eu e você... Juntos – uma lágrima saiu de seu olho, eles se olharam e novamente se beijaram. Como sempre, o beijo deles era calmo e delicado, doce e desejado. Terminaram o beijo com alguns selinhos, ela abriu os olhos e falou: eu tenho medo. Muito medo.
- Do quê? – Matheus pediu, passando a costas do dedo indicador levemente pelas linhas do rosto de Luna.  
- Que um dia tudo isso acabe, ou que eu acorde de um sonho. Por favor, me diga que isso não vai acabar – sua voz ficou trêmula.
- Não vai acabar, você vai ver – ele tentava a tranqüilizar.
- Promete?
- Prometo – ele sorriu.
- Só que... Acho que não é tão fácil assim. Você sabe, todas as dificuldades que nós iremos passar... – ela começou, mas ele a interrompeu colocando o dedo indicador no lábio dela.
- Já disse que isso não vai acabar, eu prometi. Nós vamos enfrentar tudo, tudo mesmo. Não se preocupe, eu não deixarei nada te abalar, ou te machucar, sei lá, qualquer coisa que te prejudique, eu estarei aqui para te proteger – após ele terminar de falar, Luna lhe deu um abraço forte e ele correspondeu. – Sabe aquele dia, lá na sala que você tinha caído e tal? – Luna só balançou a cabeça afirmando que sim e o soltou para olhá-lo. – Então, eu falei um monte de coisa né, pois lembra quando eu fui dizer declaração eu meio que... Parei e pensei?
- Lembro, ô se lembro!
- Eu disse amizade, mas foi por o “izade” se meter na frente do “or” – eles deram uma risada baixinha.
- Você não presta sabia! – falou sério a menina.
- Nossa, por quê?
- Porque desde o começo do ano quando você simplesmente apareceu na minha sala no segundo dia de aula, não é vagabundo – ele riu –, então... Nossa, você era “ô cara”. E lembra que as primeiras palavras que nós trocamos foi: quer ficar com ela? E você disse: não to ficando com uma menina – os dois riram. – Ou então aquela vez que tava frio, frio, frio e eu tremendo, você me abraçou e me esquentou por mais de 45 minutos – eles sorriram.
- Lembra aquele dia que a Beatriz soltou a idiota piada dos neurônios? – só Matheus riu, pois Luna ficou com uma cara de tacho.
- É, lembro – disse seca.
- E lembra agora, que eu estou viajando em seus olhos, sentindo o calor dos seus lábios, nunca esqueça disso... Nunca – Matt falou baixinho e Luna mordeu o lábio inferior em sinal de vergonha. Os dois riram e deram um selinho demorado.
- Você também nunca esqueça que meu coração já foi as alturas, que minha vida foi mudada, e que meu medo foi deixado de lado. Nunca esqueça que eu já te amei, e te amo – o medo que a garota tinha de falar as palavras te amo passou, e a coragem a tomou.
- Eu estava esperando por isso. Eu estava com medo de ser o primeiro.
- Para?
- Falar eu te amo – eles se abraçaram. Luna encostou a cabeça no peito dele e ficou olhando para o parque.
- Cara, eu acho que aquela é a Bia né? – a garota avistou a possível amiga bem longe andando para lá e para cá.
- Pior que é.
- Asenhor, vamos lá, ela deve ta procurando o Guile ainda – Luna já estava levantando.
- Ta, vamos – Matheus segurou na mão de Luna que o olhou com os olhos esbugalhados, mas que depois riu. Os dois foram de mãos dadas até perto da amiga.
- Até quem fim achei vocês – Beatriz estava com os olhos vermelhos.
- Eu que te achei, ingrata – Luna rolou os olhos.

- Sabe, eu acho que esse é o melhor dia da minha vida – disse Stella que estava com a cabeça deitada no colo de Eduardo.
- Eu não acho, tenho certeza – Eduardo sorriu de canto.
- Eita clichê – ela riu.
- Clichê?
- Asenhor – ela revirou os olhos.
- Ei! Não fala assim, eu só não sei o que é clichê.
- Frase pronta; pensamento que todo mundo tem, essas coisas.
- Hum, legal. Mas é verdade o que eu disse, eu tenho certeza que esse é o melhor dia da minha vida! – os dois sorriram e se beijaram.
- E a Beatriz? – pediu Stella.
- O que tem?
- O que será que aconteceu? To curiosa – a menina fez cara de choro.
- Ah! Vai querer procurar ela?
- Aham – ela desfez a cara de choro para um sorriso enorme.
- To com preguiça, porque agente não fica aqui...
- Ela é minha amiga, eu vou atrás dela, vamos ou vai ficar sozinho? – ela já estava levantando.
- Sarna! – reclamou o garoto.                  
- Posso até ser, mas você me ama! – gabou-se a menina. Eduardo chegou ao seu lado e passou o braço na cintura dela, e ela fez o mesmo na cintura dele.
Eles procuraram, procuraram, procuraram e nada de achar ela. Quando já estavam desistindo, os olhos de águia (hehehe) de Stella achou a garota e os outros dois amigos. Eles três conversavam sem parar, mas o papo não parecia dos melhores.
- Oi Bia, então o que aconteceu? – pediu Stella se sentando ao lado de Luna (que estava com a mão entrelaçada na de Matheus). Eduardo sentou ao seu lado e Beatriz ficou sentada sozinha no banco da frente.
- O Guile estava abraçado com uma menina que ele diz que é prima dele, mas a Bia não acredita – explicou Luna, sabendo que a amiga não teria condições para responder.
- É, mas esse idiota não vai me deixar em depressão profunda e muito menos com medo de viver – disse Beatriz.
- Ta, mas você acha que ele tava te traindo, ou coisa assim? Pois pelo que entendi só estava abraçado – perguntou Eduardo.
- Ah, por favor, ele sumiu do parque; tava la no fim, você acha mais alguma coisa? – Beatriz estava revoltada.
- Eu concordo com o Eduardo. Ele tava só abraçando ela, e se ela for mesmo prima dele? – falou Matheus.
- Prima serve só para uma coisa – ela revirou os olhos.
- Não generaliza Beatriz – repreendeu Luna. – Por que você não vai falar com ele?
- Eu não vou falar com ele...
- Bia, vai quem sabe assim será melhor – ajudou Stella.
- EU NÃO VOU – Beatriz gritou assustando os outros quatro.
- Então ta, só que depois não vem chorar dizendo que ama ele... – Luna começou, mas foi interrompida por uma figura atrás de Beatriz. Todos engoliram a seco. Beatriz percebendo o jeito estranho dos amigos se virou.
- Er, oi – Guilherme falou. Ninguém disse nada por algum tempo, Beatriz virou para frente (para os amigos) em silêncio também.
- Oi Guilherme – falou seca Luna.
- Então, Bia podemos conversar? – o garoto falou calmo e baixinho, morrendo de medo da menina. Beatriz respirou fundo e contou até dez mentalmente. A raiva subia pelas veias da menina e se espalhava por todo o corpo. Os quatro amigos temiam qualquer reação precipitada da garota. Beatriz quando está com raiva é igual a cachorro louco (ta, nem tanto). Ela se levantou lentamente e olhou para ele, ficando de costas para os amigos.
- Guilherme, o que você tem para conversar? – ela disse séria, tentando controlar a respiração.
- Eu só quero te explicar o porque que eu estava abraçado na Flavia, amor – Guilherme falava com a voz baixinha.
- Amor? Hum, interessante – ela colocou o dedo indicador no lábio e olhou para cima; Luna abraçou Matt e sussurrou: eu não estou a fim de ver a “baia de pau” que ele vai levar –, mas você é um idiota, cafajeste, acéfalo, porque você não se joga de um precipício – ela ia chegando mais perto dele –, porque não? É tão fácil. Mas não, você faz a pior coisa, me trair. Cara, se tu não gosta mais de mim FALA! Não precisa fazer isso. Mas agora que já fez, que se foda – ela terminou de falar quando estava bem perto dele.
A raiva era incontrolável. Uma lágrima saiu por conta própria, e foi o que deu forças para Beatriz bater em Guilherme. Matheus levantou, pois se precisasse, iria ajudar. Eduardo caiu na risada e Stella deu um tapa na cabeça dele, mandando ele ficar quieto; Luna colocou a mão na boca e arregalou os olhos. Guilherme tentava segurar os braços da menina, mas ela se debatia até se soltar; mais lágrimas saíam de seus olhos. O garoto deve ter levado uns bons tapas, pois a força que Beatriz fazia era imensa. Depois de mais alguns tapas, ela se rendeu, chorando mais ainda (e Matt sentou).  
- Eu já disse: ela é minha prima; e se você quiser, eu vou em um prédio qualquer e pulo dele, mas esteja la em baixo para me ver. Se você não acredita, desculpa, mas você está errada. Você provaria que me ama acreditando em mim, e você não acredita – ele deu um passo, o passo para colar nela –, eu vim aqui me redimir, pedir desculpas por algo que eu não fiz, mas eu não quero que você chore, também não estou bravo, e você tem que saber que eu te amo e não ficaria com ninguém a não ser você. Um abraço mata? – ele a abraçou e ela não correspondeu. O abraço não durou muito, foi para mostrar o que tinha acontecido a algum tempinho atrás.
- Ta, e se eu falar que acredito? Na verdade, eu acredito, mas é que eu te amo tanto que o ciúme falou alto, alto de mais – ela olhou para baixo. Ninguém se mexia. Nem um passarinho cantava.
- Se você falar que acredita? Acho que ficarei muito, muito, muito, muito feliz. Iria te beijar até o pulmão começar a falhar... É bom que tenhamos ciúmes, mas muito é ruim. Se você abraçar um amigo teu, um primo teu, sei lá, eu não vou ter essa crise. Entenda.
- Ok – ela ficou pensando enquanto olhava para baixo –, vai demorar só um pouquinho para eu voltar totalmente ao normal, sabe né, me traumatizei – ela fez cara de choro –, mas o que você iria fazer mesmo se eu acreditasse? Aliás, eu acredito – Guilherme riu de canto, Luna e Stella levantaram e gritaram “AE!”. Eduardo e Matheus se obrigaram a levantar quando os outros dois se aproximaram.
Beatriz e Guilherme, consequentemente, se beijaram. Enquanto os dois se beijavam, Matheus olhou para Luna que estava dando risada; logo a garota percebeu os olhos de Matt nela e se virou para ele. Os dois riram e se beijaram também. Stella não acreditava na cena que via, e Eduardo a puxou pela cintura e também se beijaram. A cena era como nos filmes: três casais apaixonados se beijando embaixo de uma árvore – seca por causa do inverno – no parque.

- Aliás, vocês estão de boa mesmo agora? – pediu Eduardo (que estava abraçado com Stella) para Beatriz.
- É, por enquanto – ela sorriu se apertando mais nos braços de Guilherme.
- Até quem fim, não aguentava mais isso – reclamou Luna (que estava sentada ao lado de Matheus, mas com a cabeça encostada no ombro dele).
- Não reclama! – Guilherme brincou.
- Bom, agora somos três casais amigos, cara isso parece filme – pensou alto Stella.
- Falando nisso – agitou-se Beatriz –, vocês dois, estão namorando? – ela se referiu a Stella e Eduardo.
- Ainda não – revirou os olhos a garota, esperando reação dele.
- Então né pia... – apressou Beatriz.
- Não o forçaremos a nada – brincou Luna. Todos riram.
- E vocês dois, já se acertaram? – pediu Stella olhando para Luna. Ela ficou calada, só se endireitou a postura (ou seja, ficou certinha ao lado de Matt esperando a resposta dele).
- Vamos, alguém fale alguma coisa! – disse Guilherme.
- Acertamos? Nunca brigamos – Matheus se fez de desentendido; Luna olhou para baixo e riu baixinho; os outros riram.
- Não se faça de idiota Matt – reclamou Beatriz.
- Hum – pensou o garoto –, é...
- Só é? Quem é você e o que fez com o Matheus – Stella esbugalhou os olhos; ela estava falando sobre o romantismo moderno do garoto.
- To pensando em palavras lindas – Matt deu um sorriso enorme e Luna riu.
- Qual tua fonte de inspiração Romeu? – pediu Eduardo.
- Ficar com o coração acelerado, a mão tremendo... Adrenalina – explicou o outro.
- Então ta! Beije a Luna – deu a idéia Stella. Luna só olhou com cara de “ah-ta-bom!” para a amiga.
- Ela não deixa – Matheus deu um sorriso de canto.
- AH DEIXA SIIIIIIIM – respondeu Beatriz.
- Deixa né! – ajudou Guilherme.
- DEIXA, DEIXA, DEIXA – cantarolou Stella. Eduardo riu. Matheus olhou para Luna que também estava o olhando.
- Bem capaz né! – disse Luna, ainda mantendo os olhos no garoto.
- Ai Luna, aqui é todo mundo amigo – Beatriz mesma riu do que falou.
- Ta, nós estamos... Acertados? – hesitou com a última palavra Matheus. Os dois não paravam de se olhar.
- Ok, melhorando a frase: vocês já ficaram, então um dia vão namorar? – Stella fazia gestos com a mão e ergueu as sobrancelhas.
- Cara, nós só ficamos! – Luna tirou os olhos de Matt, sabia que iria corar com a resposta que deu.
- E um dia vão namorar? – pediu interessada Beatriz nem dando bola para a resposta da amiga.
- Mas pare de ser curiosa menina. O futuro só a Deus pertence! – Matheus deu um sorriso pelo que disse.
- Nossa, educado – ofendeu-se a menina.
- Vamos com calma Beatriz – Luna se irritou com a amiga.
- Ok! Só depois não reclame – “deu o recado” Stella, apontando para Luna que revirou os olhos.
- Chega disso né? Sei lá, vamos animar – reclamou Eduardo. Luna virou o rosto para o lado (Matt percebeu a atitude da garota); Beatriz deitou no colo de Guilherme e começou a escutar música. No final estavam todos cantando rock!
Sabe aquele dizer: nem todo sorriso que trago no rosto é o que sinto? Ou qualquer coisa parecida com isso? Pode parecer um clichê, a atitude mais pronta da face da Terra. E é, mas ficou assim tão conhecida e usada pelo simples fato de ser a realidade. Luna, Stella, Eduardo, Matheus, Guilherme, Beatriz. Todos estavam com seus lindos sorrisos no rosto, mas por dentro suas faces não eram de alegria. Poderiam até ter gotas de felicidade, de amarelo; vermelho; azul; verde. Beatriz ainda estava preocupada com a história do Guilherme; o garoto estava com medo de perder a namorada. Eduardo queria um jeito simples e não precisar ser o mais romântico para pedir Stella em namoro; Stella precisava pensar em como namoraria com ele, se namorasse! Luna estava indecisa. Se namorava ou não com Matheus quando/se ele pedisse. Ela queria muito, mas e como ficaria com sua família? Com tudo? Isso a deixava pensativa, e de tanto pensar ela começou a desistir de qualquer chance de namoro (assim como Stella). Matt tinha as coisas emboladas na cabeça: 1º - pedia ou não Luna em namoro? 2º - se pedisse, ela iria aceitar? 3º - e se ela aceitasse, seria fácil namorar com alguém de 5 anos de diferença? 4º - e a vida dele como ficaria?
As perguntas rodavam na cabeça dos amigos e pausas de silêncio os tomavam. Mesmo com todos sabendo de algumas possibilidades de acertar o que o outro estava dizendo, mais essa pergunta se formara... O que o outro está pensando?
- Engraçado, que tal ficarmos nos nossos silêncios? Concordo com qualquer um que disser que esta pensando muito – sugeriu Luna que tinha deitado na grama (aliás, todos estavam no chão: banco não se usa nunca!)
- Estou pensando muito. Pronto agora quem mais concorda? – pediu Beatriz. Todos concordaram. Bia se sentou e abraçou as pernas; Stella ficou sentada normal só que olhando para baixo; Luna só fechou os olhos esperando que nenhuma lágrima saísse. Eduardo ficou olhando para a direção do parque e Guilherme o acompanhou; Matheus ficou sentado de um jeito desleixado olhando para qualquer nada que aparecesse.
E todos aqueles pensamentos, perguntas e sentimentos apareciam. Era inevitável um não olhar para o outro. Não existia mais unha para ser ruída, muito menos argumento para salvar qualquer um deles. Restavam-lhe conversar. Somente conversar.
 - Acho que temos que decidir tudo hoje, agora. Esperar mais um pouco só vai nos fazer sofrer. Se for para chorar que seja aqui e agora – disse Beatriz que já estava sentada normal.
- Concordo – foi a única palavra de Matt.
- Ok, quem começa? – pediu Stella. – Eu não vou começar. Vamos lá Bia, vai você primeiro já que foi o primeiro caso do dia – sugeriu.
- Ok – ela se virou para Guilherme que à deu atenção total –, assim, chateada eu estou bastante, já brigamos, nos acertamos e blá-blá-blá. Eu perdi um pouco de confiança em você, mas eu ainda te amo –  Beatriz já estava com a voz falhando, então decidiu terminar de uma vez.
- Eu sei que não devia ter sumido, mas... Bom é melhor eu não falar muito porque se não vai dar rolo e não estou afim disso. Eu também te amo – terminou o garoto. Bia deu um sorrisinho e se aninhou nos braços do namorado.
- AE! Pronto, agora... Luna e Matheus – comandou Stella. Luna se assustou e olhou para a amiga.
- Então... Eu estava pensando e é melhor deixar como está Luna – Matheus olhava para a menina que o correspondia. – Não sei se é muito rápido, que tal esperarmos só mais um pouquinho? Ou talvez esse só um pouquinho se prolongue. Vamos dar o tempo certo. Que tudo aconteça em seu devido horário – o garoto estava com medo de qualquer possível reação dela, mas a face de Luna relaxou mais a cada palavra que ele dizia.
- Obrigada. Sério, obrigada. Já estava preparando minha fala quase igual a tua. Só quero que saiba uma coisa – ela disse bem baixinho, quase imperceptível: eu te amo!
- Eu também – sussurrou Matheus, fazendo os dois rirem.
- Chegou tua vez neném – brincou Beatriz dirigindo a palavra para Stella que se virou para Eduardo.
- To esperando – cantarolou a menina. O garoto suspirou e ajeitou a postura, virando-se para ela.
- Bom você já sabe que eu não sou nem um pouco chegado a romantismo, mas você também sabe que eu te amo. Então é, é isso. Eu te amo, mas não sei como te pedir em namoro também não sei se é a hora certa – ele, que até então falava rápido e apressado, parou de falar, viajando em pensamentos. O olho dele era profundo; aquele lindo castanho profundo. – Stella, você aceita namorar comigo?
Não é preciso nem dizer que o coração dos dois iria pular para fora a qualquer momento, né?
- E-e-e-eu... – ela respirou fundo para dizer: eu aceito!
Terminar essa frase foi como tirar um peso enorme das costas. Os dois suspiraram e sorriram emocionados; e é claro se beijaram.
- Eu vou chorar! Eu vou chorar! Eu vou chorar! – repetia emocionada Beatriz, enquanto observava os dois se beijando.
- Realmente foi lindo – concordou Guilherme que também estava olhando. Aliás, tinha como não olhar e não se emocionar?
Luna olhou para Matheus que percebeu o olhar. Os dois se abraçaram e suspiraram; o garoto encostou o queixo na cabeça dela. Uma lágrima desceu pela maçã do rosto da menina, que se apertou mais ainda no corpo de Matt. Stella sentiu seu olho ficar cheio de lágrimas, e não desperdiçou tempo em derramá-las. O beijo acabou com alguns selinhos e o sorriso de todos.
- Viva os novos namorados! – comemorou Beatriz.
- Viva minhas duas amigas namorando! – disse Luna.
- Viva eu e meu namorado! – Stella riu do que disse.
- Legal, todo mundo namorando... – Beatriz fez cara de tédio –, nem todo mundo – completou.
- Rawr – Luna serrou os olhos para a amiga.
- Iih! Antes era E.T. agora é o que? – Stella perguntou a Luna.
- Dinossauro – Matheus deu risada depois que falou.
- Sou mil e uma utilidades amor! Quando precisa eu me desdobro em vááááárias coisas! – brincou Luna, apontando para Stella.
- Opa, então deu boa! – Beatriz levantou uma sobrancelha para Luna.
- O QUE? Assédio sexual – Luna esbugalhou os olhos; Matheus começou com um ataque de risos inacabáveis, contaminando todos. Após o ataque de risos inacabáveis, eles decidiram passear um pouco pelo parque, porque daqui a pouco já iriam para casa (o frio estava aumentando!).
Beatriz estava de mãos dadas com Guilherme, assim como Stella e Eduardo. Já Luna e Matheus só andavam um do lado do outro, sem nada de mãos dadas e nem abraços.
- Sabe, eu estou começando a achar que a Amanda e a Julia ficaram furiosas com nós seis – disse Luna, olhando para frente.
- Putz, é mesmo – lembrou Stella, colocando a mão na boca.
- Não vi nada que possa deixá-las furiosas – refletiu Eduardo.
- Mano, elas não viram a cena linda de você e da Stella – respondeu Beatriz.
- Eu já até sei a reação do Bruno: colocar os fones de ouvido verde e escutar Lady Gaga! – falou Matheus. Todos do grupo riram e continuaram a conversar e caminhar.

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