Capítulo II

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Every night I rush to my bed with hopes that maybe
I'll get a chance to see you when I close my eyes
I'm going out of my head lost in a fairy tale
Can you hold my hand and be my guide?

A garota estava sentada na arquibancada, escutando música pelo celular, mais especificamente rock, observando os garotos jogarem futsal enquanto as outras meninas jogavam vôlei. Bruno não é muito bom em futsal, mas é uma muralha, por isso metade das bolas não passam por ele... E é engraçado velo jogando, por ser alto e magro ele acaba sendo desengonçado, parece uma vareta com pés chutando bola. Matheus até que é bom colocado ao lado de Bruno e mais alguns garotos como Julio, que também não é nem um pouco bom em futsal, mas também é amigo do “grupo”. Quem é bom mesmo em futsal é Adriano, que é o goleiro, amigo, querido e que também é representante da sala, e Roni que não é muito simpatizante com algumas pessoas do grupo de Luna. Acho que não podemos dizer que é um grupo, eles não falam grupo, mas é que, como se conhecem há muito tempo, eles vivem juntos. Somente Stella e Matheus que entraram esse ano, mas o resto da turma sempre conversa com as outras pessoas da sala e também tem amigos fora do... Grupo.
Luna estava olhando Matt jogar, e um flash de memória apareceu em sua cabeça.
Terceira série, há quatro anos atrás, os garotos estavam jogando futsal, e as meninas estavam sentadas na arquibancada. Luna gostava, praticamente amava um garoto, e enquanto ela o observava, ele fez um gol. Para comemorar, ele fez um coração e mandou um beijo para ela. Muita gente não viu, pois ela estava longe de muitas meninas, quase isolada. Depois de um tempo, de seis meses de aula, o menino foi embora para outra cidade do mesmo estado, e eles nunca mais se falaram”.
Bem capaz que Matt faria isso, na verdade, Luna nem sabe o porquê dessa memória aparecer bem nessa hora. Aliás, ela e o garoto – Luiz – conversam de vez em quando pelo computador, e eles não tem nada juntos, seria impossível ter. Agora Matt é quem está jogando no lugar de Luiz, mas nunca será igual. Além de que, os anos se passaram, e com ele cresceu a vergonha, bom senso e a pegação.
1º - Vergonha: aham, alguém vai, no meio de um jogo de futsal, marcar um gol e fazer um coração e jogar com um beijo... Bem capaz. Hoje em dia, isso é horrível, vergonhoso, e tosco.
2º - Bom Senso: e se a garota não esta afim de você? E se você fizer isso no meio de um jogo, onde todos estão te vendo o que irão falar? Os dois estão namorando! E se não estão? Vão te chamar de gay? Sem chance! Só se os dois estiverem bastante apaixonados, namorando e o cara for muito corajoso.
3º - Pegação: depois que crescem, uma não é o bastante. Se você fizer um coração e mandar para alguém, vão te chamar de apaixonado não de pegador. E a fama agora é ser pegador, apaixonado fica para os casais lindos que vemos em filmes, contos de fadas e histórias românticas.  
É, desencana príncipe encantando. Agora é a vez dos pegadores de plantão!
A aula já estava quase acabando, e Luna ainda estava olhando os garotos jogarem. Ela não é muito, na verdade, nem um pouco boa em vôlei, por isso jogou só um pouco e logo parou. Faltavam 15 minutos para acabar, então, ela levantou e foi pegar sua mochila na quadra de vôlei, que fica ao lado da quadra de futsal/handebol. Enquanto caminhava descendo os degraus da arquibancada, ela ia desligando a musica, logo parou nas fotos, e viu uma foto que tirou de Matt um dia na aula de artes. Ele estava lindo. Como sempre. O olhar dele era profundo, mesmo em uma foto. Na hora que ela foi tirar a foto, ele olhou para ela, e ela com medo que ele virasse o rosto fez tudo bem rápido, por isso a foto não é das melhores, mas ao contrário, ele não virou o rosto... Ficou olhando para ela parado. Ele também não disse nada, e não pediu para ver a foto, após salvar ela deu um sorriso bem aberto, ele virou para frente e sorriu de canto voltando a fazer os exercícios que a professora tinha pedido. Vendo essa foto, Luna se desligou do mundo, sendo que ainda descia os degraus, e no penúltimo degrau, já perto das mochilas, ela não viu uma, enroscou o pé na alça e caiu no chão do ginásio, seu celular caiu de sua mão enquanto protegia a cabeça com os braços.
Ela tentava abrir os olhos, mas não conseguia... Sinal de que estava desmaiando. Na queda ela tinha protegido o rosto com os braços, mas seu medo era de ter quebrado algo, pois no mês de dezembro há quatro anos atrás ela quebrou a perna jogando vôlei na rua da casa do seu padrinho. Ela só via todos chegando, e o professor correndo em sua direção para ver o que iria fazer. A escola não tem enfermaria, então todos rezavam para que ela não tenha que ir ao hospital. Quando o professor chegou ao local do acidente, Luna tinha desmaiado. Um fundo preto tomava conta de seus olhos e ela não sentia nada, é como se estivesse dormindo profundamente amarrada a uma cara dura.
- Saíam, se afastem, ela tem que respirar – ordenou o professor.
- Professor, ela está bem? – pediu Beatriz, atirada no chão, perto de Luna. Atrás de Beatriz estava Julia; Amanda; Bruno; Stella e Matt. Ele estava mais afastado, mas estava ali. Talvez, se Luna acordasse ela não pudesse vê-lo, pois rostos e corpos cobriam sua visão dele.
- Quando ela acordar eu vou saber – falou o professor.
Depois de uns 40 segundos Luna abriu os olhos, olhando para o teto do ginásio. Ela foi se mexer, mas o professor não deixou.
- Professor, eu estou bem, foi só um susto, nada de mais, deixe-me levantar – falou a menina tentando levantar, percebendo que todos estavam ali presentes, todos, mas ela não conseguia ver Matt.
- Tem certeza? Você não se machucou? – perguntou preocupado.
- Amiga, fica aí, eu vou la na diretoria chamar o diretor para ele te ver – disse Julia.
- BEM CAPAZ! – gritou Luna. – Fica aí, eu estou bem. Professor – ela olhou para o professor –, eu caí da arquibancada, e bati com tudo no concreto, machucar eu devo estar machucada, mas eu não estou quebrada, podem me deixar levantar? – completou.
- Ok, levante – falou o professor, ajudando a menina a levantar. Luna levantou, tirou a sujeira da roupa, pois ginásio limpo não existe, ajeitou o cabelo.
- ONDE ESTÁ MEU CELULAR – gritou a menina, olhando para os lados em busca do celular.
- Não sei, eu não vi – falou Amanda – eu te vi caindo, mas não vi teu celular.
- A DIABO! – gritou sentando na arquibancada enquanto algumas pessoas voltavam para a quadra.
- Então, já que você está bem eu vou voltar para a quadra cuidar desses loucos – falou o professor saindo.
- Droga meu celular – falou a menina com a mão no rosto. Ela se lembrou de um mini-texto que escreveu no celular às 2 da manhã. Ela tinha que passar para o computador e apagar aquele texto que fez como mensagem. Mas esqueceu. Agora seu celular está na mão de não sei quem, sua mãe vai lhe matar, e tem um texto comprometedor. O texto? É como uma declaração de amor dela para Matt. Sim, isso é muito comprometedor. – Onde está o Matt? – falou olhando para a quadra, tentando achá-lo. A última coisa que ela queria era que seu celular estivesse nas mãos dele.
- Não sei, por quê? – pediu Beatriz. As únicas que estavam ao seu lado era Bia e Julia. Amanda e Stella foram tomar água.
- Por que ele está com meu celular! – respondeu a garota, já levantando para procurar ele, mas seu joelho estava doendo. Assim como suas costas e seus braços. Roxos e hematomas por todo o corpo. Ela estava bem ferrada. Acabou que teve garra e andou em direção a saída do ginásio.
- Ei! Aonde você vai? – gritou Julia, correndo junto com Bia até sua direção.
- Achar o Matt para pegar meu celular – falou normalmente Luna, pois as meninas já estavam ao seu lado. – Vocês vão me ajudar. Eu vou no corredor do meio, Ju você vai no do ensino fundamental, e você Bia vai no ensino médio. É só pedir para ele devolver o meu celular!
- E se ele não estiver com o celular? – pediu Bia.
- Ele esta sim – respondeu a loirinha confiante.
- Ok, vamos lá! – disse Julia, enquanto as três se separavam para achar o Matt e o bendito celular.
As três meninas conheciam a escola como a palma da mão. Julia não conseguiu achar Matt no corredor estabelecido, então foi ver na cantina e no bebedouro, também não achou. Beatriz também não teve sorte, e foi procurar perto dos banheiros. Elas procuravam por tudo, em todos os cantos, salas vazias. Tudo. Luna, andando mancando, estava indo para a última sala do corredor, a última chance de encontrar o Matheus no corredor. Ela chegou na última sala, a sala deles. Estava vazia, pois todos estavam na educação física. Antes de abrir a porta da sala, ela olhou para trás para ver se tinha alguém vindo, e como tem uma parede do outro lado, foi só preciso ter uma atenção. Ela entrou na sala, e as cortinas estavam fechadas. Ela conseguia ver uma silhueta masculina parada no fundo da sala, olhando para baixo e segurando alguma coisa, e ela fora se aproximando, bem devagar. Quase dançando entre as carteiras e cadeiras que passava. Quando ela chegou ao campo de visão nítida da pessoa, a pessoa se virou rapidamente, com uma cara assustada e jogando o braço para baixo. Era Matt.
Os dois se fitaram, em silêncio. Matt como sempre estava lindo. Uma fraca luz iluminava sua face, enquanto o resto da sala estava escuro. Ele estava pálido, assustado, mas logo sua feição se transformou em um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. Já Luna, estava entretida em ficar olhando seu olho, que ficou mais claro por causa da luz. Ela ama o olho dele. Acho que já deu para perceber. Mas, algo fez ela olhar para baixo, para a mão dele. Lá estava seu celular, que começara a tocar uma música maravilhosa e contagiante que Luna conhecia muito bem. Sweet Child O’ Mine da banda Guns N’ Roses. Ela deve saber essa musica décor e a tradução também. Quando começou a parte cantada da música, Matt foi chegando mais perto, cantando junto com a musica.
- “She's got a smile that it seems to me reminds me of childhood memories was as fresh as the bright blue sky” – cantou ele, passando o dedo polegar perto da boca de Luna. – “Now and then when I see her face she takes me away to that special place” – agora, passando a mão no seu rosto. – “And if I stare too long I'll probably break down and cry” - ele sorriu e deixou sua mão cair e a olhou sério, deixando a musica tocar, enquanto Luna permanecia em digamos... Estado de choque. – Sabe, você é tão, linda, engraçada. Você às vezes parece uma menininha, mas logo se transforma em uma mulher. Eu acho que você não sabe o que sua amizade é para mim. É como se fosse um energético. Que a cada dia me deixa com mais disposição. Disposição para conseguir o que eu quero... Seguir cada dia como se fosse o ultimo. Como eu disse hoje de manhã: você é muito importante para mim. Você não faz nem idéia do quão você representa para mim. É como um vicio... Hoje quando você caiu, eu não consegui ficar olhando para você porque digamos que você parecia... Morta. Eu tive que correr de lá, e vir me esconder aqui... Peguei seu celular porque achei que talvez você esquecesse. Eu sei que isso não é uma linda declaração de amizade, mas entenda muito bem o que eu vou te dizer. Luna, eu te amo! – ele falou, dando pause em algumas palavras, tomando coragem e pensando no que dizer.
Ela ainda estava parada, sem poder se mexer, seu corpo não reagia a qualquer mínimo movimento que ela pensasse em fazer. Quando começou o solo de guitarra ele deixou o celular em uma carteira, passou seus dois braços pela cintura de Luna, e a abraçou. Luna, que ainda estava sem reação, demorou um pouco para corresponder o abraço. Quando ela voltou ao seu estado normal, passou seus braços pelo seu pescoço e apoiou sua cabeça no ombro de Matt, sentindo seu perfume. Ele era quente, cuidadoso e transpassava uma segurança e tranqüilidade sem explicação. Enquanto ela colocava a cabeça em seu ombro, Matt controlava a respiração, para não parecer que acabou de tirar um peso da consciência. Ele queria ter falado isso há muito tempo. Abraçar ela foi o melhor que pode fazer. É o que ele queria fazer a muito tempo. E os dois poderiam ficar ali abraçados até o ultimo dia da eternidade. Eles se encaixavam perfeitamente. Pareciam que foram feitos um paro o outro. Pelo jeito Bia tem razão, eles combinavam inteiramente. Matt só é mais um pouco alto que Luna, e os dois curtem rock, entendem as próprias piadas, sabem varias coisas... Iguais.
Eles ficaram abraçados por uns dois minutos, um sentindo o perfume do outro; imaginando coisas. Borboletas invadiam o estômago dos dois. Mas tudo foi interrompido pelo sinal da escola avisando que era hora de sair da escola.
- Desculpa. Agi por impulso – falou Matt entregando o celular para a menina e coçando a nuca.
- Você não me deve desculpas – respondeu a garota pegando o celular, o colocando no bolso de trás da calça e olhando para baixo, mas logo ergueu o rosto para fitar os olhos do outro – você não leu nenhuma mensagem né? – pediu.
- Não, só vi que você estava vendo minha foto enquanto caía – ela corou, e ele deu um sorriso de canto –, e as musicas daí você sabe o resto – terminou olhando para baixo e colocando a mão nos bolsos da frente da calça jeans que vestia.
- Ah! Então ta – ela sorriu. – É melhor nós irmos, antes que roubem nossas malas – os dois riram.
- Então vamos – ele fez sinal para ela ir primeiro, ela deu um passo.
- Ai! – reclamou.
- O que foi?
- Dói tudo – disse com voz manhosa.
- Espera que eu te ajudo – ele ficou ao lado direito dela, enquanto ela erguia o braço direito passando-o pelo pescoço do outro, ele a segurava pela cintura.
Eles foram conversando, rindo e se ajudando até chegar ao ginásio.
- Onde vocês dois estavam? – perguntou Julia olhando desconfiada para os dois, enquanto Matt largava Luna e ia pegar sua mala.
- Na sala, foi la que eu achei o devido ser que estava com meu celular – respondeu a garota.
- Hum sei! – falou Beatriz, chegando mais perto de Luna que estava pegando sua mala. – você vai ter que me contar tudo depois – sussurrou.
- Fica quieta Beatriz, vamos para casa de uma vez! – respondeu Luna, indo se despedir de Matheus, já que Julia vai junto com as duas até um pedaço do caminho.
- Tchau Matt, vai vir amanhã? – pediu Beatriz, abanando a mão para ele e se dirigindo a saída da escola.
- Não sei ainda, se minha cama deixar quem sabe eu venha! – eles riram.
- Tchau Matheus, se cuida – gritou Julia que também já estava indo a porta do ginásio.
- Então, tchau, e obrigada da declaração de hoje – falou Luna chegando mais perto de Matt. – Você também é muito importante para mim, você não sabe o tamanho da sua importância... É – terminou olhando para baixo.
- Desculpa novamente se falei algo que não devia, não sei se vou vir amanhã, hoje tem festa no Carlos, então... É melhor eu não vir bêbado – os dois riram.
- Cuidado com seu fígado, ele é precioso mano – disse a garota apontando para a barriga do outro –, e não se esqueça que tem trabalho de geografia, de um jeito de vir, e não se embebedar – os dois riram. – Então, até outro dia né, seu chato! – completou dando um soco de leve em seu ombro.
- É, tchau, e até – ele se abaixou e deu um beijo na bochecha da garota e sussurrou – se cuida Lua! – terminou mexendo nos cabelos de Luna, e saiu.
- Vamos logo Luna, ou vai ficar presa na escola? O Bruno já esta nos esperando para ir – berrou Beatriz da porta.
Luna saiu de seu transe, se virou e foi em direção à porta da escola.  

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