Capítulo VIII

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We are young, we run free
Stay up late, we don't sleep
Got our friends, got the night
We'll be alright ♫

- Alguém quer andar? Tipo, só estou pedindo, pois eu não estou afim de sair daqui, ta frio – Stella fingiu que estava tremendo, mas estava frio mesmo.
- Eduardo – falou baixinho Beatriz.
- O quê? – pediu o garoto.
- A Stella ta com frio – disse Luna, com cara de tédio. Eduardo permanecia parado. – Ah! Vai te catar Eduardo, preciso desenhar? Depois diz que é pegador – continuou a menina, fazendo caretas de reprovação.
- Faz assim ó – Matt pegou e abraçou Luna, que ficou vermelha. Ele quase esmagou a menina, mas ela também não iria dizer algo muito cedo –, entendeu?
- AH, entendi professor – Eduardo revirou os olhos. – Ta com frio ainda? – ele pediu para Stella, e todos riram.
- Claro né – falou a menina. Os dois se abraçaram e o grupo ficou em silêncio um pouco.
- AI QUE LINDO ISSO – disse histericamente Beatriz.
- O quê? – bufou Luna, que ainda estava encostada no peito de Matt, que a envolvia em seus braços.
- Todos abraçadinhos formando uma rodinha, conversando e rindo em uma tarde de inverno ensolarada no parque. Quem vê parece filme – os olhos dela brilhavam.
- Pois é – Eduardo falou e Stella concordou.
- Asenhor – riu Guilherme.
- E perceberam que para o Eduardo abraçar a Stella foi preciso demonstração? – Matt ria enquanto falava, e os outros acompanharam ele menos Eduardo que ficou quieto.
- Não fala muito, pelo jeito só eu percebi que você só queria abraçar a Luna – rebateu Eduardo, e todos ficaram quietos.
- Fica na tua piá – falou o mais velho.
- Ixi, viu só Luna, ele até confirmou – disse Guilherme, Beatriz deu uma risadinha.
- Matt, estão nos bombardeando – Luna falou com a voz trêmula, como se estivesse com medo.
- Pode deixar, ele te protege – Stella se intrometeu.
- Vai se ferrar – se defendeu Luna que deu uma risada baixinha.
- Ah, mas estamos lindinhos – continuou Beatriz.
- Beatriz, esse assunto está enjoando – falou Luna revirando os olhos.
- Então, vamos voltar ao assunto “Luna e Matheus” – retrucou Guilherme.
- Não precisa – defendeu-se Matt.
- Vamos fazer o que então? – pediu Eduardo.
- Contar carneirinhos até dormirmos – deu a idéia Stella.
- Se for para contar carneirinhos, prefiro falar sobre quem atirou bomba nas Torres Gêmeas – disse Luna.
- Amor, foi o Osama e ponto final – respondeu Beatriz.
- Ok, eu tentei um assunto, e ninguém seguiu ele, então, eu não falo mais nada – ela disse pausadamente.
- Coitada, ela rebelou! – exclamou Stella.
- Hoje é o dia da Luna se rebelar – falou Guilherme, os outros concordaram menos Matt.
- Nossa, eu lembro de quando caiu as torres, só se falavam sobre elas nos noticiários e na rua, se você quisesse assunto naquele tempo era só falar das torres – disse Matheus.
- Droga, eu queria ter a tua idade para poder lembrar desse acontecimento, imagine pouco legal? – Luna nem tinha se lembrado dos outros, a conversa agora era com o Matt, e também os outros prestaram a atenção na conversa.
- Legal? Foi horrível. Toda vez que o noticiário aparecia alguém tinha morrido, ou era reprise, ou era investigação, era um saco.
- É, mas você tinha nove anos, eu só tinha três ou quatro – falou a menina fazendo cara de choro –, aí se um dia eu precisasse saber tudo sobre a queda das torres, nossa, eu teria vivido, quer dizer, eu vivi, mas eu não lembro e daí o que adianta?
- Adianta que você não esta traumatizada. Ah nem reclame Luna, existe tantos filmes; noticiários que mostram a queda.
- Deu? – pediu entediado o que mais estuda, desculpe ironizei... Pediu Eduardo.
- Gente, o Edu ta com medo que o cérebro dele vire pedacinhos com tanta informação – Stella ria enquanto falava. Beatriz e Guilherme não se agüentavam de rir.
- Também te amo Stella – respondeu Eduardo.
- Declaração de amor – Luna fez uma cara de espantada e Matt riu.
- Amor de cavalo – disse Beatriz.
- Poisé, um dando patada no outro – riu Guilherme. Aliás, todos estavam rindo, mas logo cessaram e ficaram em silêncio.
- Quem vai comigo comprar algo para comer na lanchonete? – pediu Beatriz.
- Cara, da última vez que você foi comprar algo na lanchonete, você saiu do parque namorando – lembrou Luna.
- É, poisé – Guilherme ficou feliz com a lembrança. Eles dois se amam.
- Boas lembranças – disse Beatriz, olhando para o lado e sorrindo –, mas quem vai comigo?
- Eu vou – falou Luna.
- Mais alguém? – Beatriz já estava levantando enquanto falava.
- Eu também, vou ficar sozinha daí – Stella já estava levantando também.
- Licença Matt – falou baixinho Luna.
- Ah, tava tão bom – resmungou o garoto sem soltar a menina.
- Matt – Luna riu.
- Ta, vai duma vez – ele a soltou e no mesmo pique ela levantou, arrumou a roupa e foi correndo para o lado de Beatriz e Stella que já estavam andando há algum tempo.
- Muito obrigado por esperarem, também amo vocês – reclamou, andando um pouco mais devagar já do lado da amiga.
- Também, fica se enrolando com o Matt, pegue e saía, não precisa pedir licença – disse Beatriz.
- Sou educada amor – riu Luna.
- Eu pego e saio sem pedir – entrou no assunto a pequena Stella.
- Ah vocês são mal educadas – brincou Luna.
- Ta vamos comprar o quê? – pediu Beatriz pegando dinheiro do bolso.
- Salgadinho! – os olhos de Luna chegaram a brilhar. Se você quer alguém para acabar com um pacote de salgadinho, chame a garota.
- Pode ser? – Beatriz perguntou a Stella só por pedir, outra que ama salgadinho.
- Claro! – exclamou.
- Então, quantos? – pediu novamente Beatriz.
- 3! – respondeu Luna.
- TRÊS! – espantou-se Stella.
- Sim, um pra mim e pro Matt, outro para você e o Eduardo e outro pra Bia e pro Guile – Luna deu um sorriso de orelha a orelha pela “brilhante idéia”.
- Vão querer ir comigo lá dentro?
- Não, pode ir, eu e a Stella ficamos aqui, não vamos ser seqüestradas – Stella riu da resposta de Luna.
Beatriz nem respondeu, já foi indo para dentro do estabelecimento enquanto as outras duas se sentavam num banco ali perto. Luna e Stella ficaram sem assunto por alguns segundos, já os garotos do outro lado tinham assunto de sobra.
- Cara como ta o teu namoro com a Bia? – ficou interessado Eduardo.
- Muito, muito, muito bom. Ninguém tem ciúmes de ninguém, eu amo ela e ela me ama – o garoto já começou a sonhar quando alguém lhe cortou.
- Eu já tive um namoro assim, quando eu tinha uns 14 anos, por aí – começou Matheus olhando para Guilherme, que retribuía a atenção; Eduardo prestava imensa atenção –, nossa, nós nos amávamos. Aquela garota era perfeita. Tímida, mas ao mesmo tempo... Louca, se assim posso falar – ele lembrava da menina, mas logo a imagem de Luna aparecia, e logo desaparecia, era como um filme –, acho que namoramos uns 9 meses, lindos 9 meses – os três riram e ele acrescentou. – Terminamos porque ela foi embora. Ela tinha jurado que íamos conversar, sabe aquele papo de sempre quando alguém vai embora? – os outros dois concordaram com a cabeça –, então. Só que isso não aconteceu, e depois de uns dois meses eu realmente pensei: agora vou viver. Nunca mais achei alguma menina como ela – ele hesitou –, na verdade, eu acabei de achar, a alguns meses atrás, mas deixe quieto – Eduardo e Guilherme se olharam confusos, mas logo olharam para Matheus que continuara a falar –, nunca mais amei ninguém.
- Nossa que linda história de amor! – disse Eduardo, os outros dois riram.
- Não zoe piá, foi difícil esquecer ela – se defendeu Matt, sério.
- Se um dia eu terminar com a Beatriz, que não seja por algum de nós dois estarmos saindo da cidade. Por favor, que não seja.
- É, rezo por ti cara – Eduardo novamente fez suas piadinhas constrangedoras.
- Te apoio Guile – falou o “irmão do peito” de Guilherme (risos). – E você e a Stella? Vai ou não vai?
- Vai, se ela deixar/querer – Eduardo falou sério. Falar de Stella com ele era um assunto sério.
- Mano, você acha que ela não quer? – pediu sarcástico Guilherme.
- Ta, acho que ela quer, mas como que vou consegui algo se ela é mais fechada que sei lá o que!
- Tenta, fala com a Bia ou com a Luna – deu a idéia, mais provável, Matheus.
- Mas se tu magoar ela, as duas vão te matar, então pense muito bem antes – Guilherme apontou para Eduardo, mostrando a outra face da moeda.
- Cara, ontem eu fiquei a noite, não inteira porque eu dormi, mas pensando sobre isso. Nossa, ela é linda, seria até um prazer ficar com ela, mas eu amo ela?  
- É nisso que você deve pensar muito bem. Iludir a menina não vai te levar a lugar nenhum! – aconselhou Matheus.
- Nossa, eu pensei muito bem antes de pedir a Bia em namoro...
- De janeiro a maio piá – Eduardo contou nos dedos.
- Então, foi muito tempo pensando. Cinco meses! Mas agora não me arrependo do que fiz.
- Acho que preciso de cinco meses – pensou sozinho Eduardo.
- Não abusa cara, primeiro vocês dois ficam, vêem se combinam, tipo, se rola uma química entendeu – começou Matheus e Eduardo concordou com a cabeça –, e se não rolar não adianta.
- Sim, eu sei, e agente já ficou, foi perfeito, mas cinco meses também é uma boa opção – brincou Eduardo.
- Cara, tem outra, você tem fama de pegador né? – falou Guilherme.
- Tenho? – ele esperou um pouco. – Ah é, tenho – Eduardo falou sério.
- Então, como que ela vai ter confiança em você? – pediu Matheus.
- Concordo. Ter essa fama deve ser bom, mas na hora que você conhece a pessoa perfeita, certa; se torna ruim – continuou Guilherme.
- Eu sei, mas agora ela vai ter que confiar em mim, e se ela não confiar não poderei fazer nada – os outros dois concordaram com Eduardo.
- Porque você não fica de novo com a Stella hoje? – deu a idéia Guilherme.
- Ta, mas será que ela vai querer?
- Uma vez a Bia me disse que beijo roubado é melhor – os três riram do que Guilherme disse. – Foi assim que começamos a namorar, com um beijo roubado – ele sorriu.
- Então ta! – falou o mais novo dos três. – Que tal pararmos de falar de mim? Odeio falar de mim – o garoto revirou os olhos.
- Ta, então... Já falamos de mim, de você, só falta do Matheus! – Guilherme sorriu enquanto Matheus bufava com a idéia do piá.
- Então, você e a Luna? – pediu Eduardo.
- Asenhor o que tem?
- Se eu estou “enrolado” imagine vocês dois. Cara, da de ver de longe que vocês se amam – Eduardo começou.
- Isso é verdade. A Beatriz, cara eu não podia falar isso... – Guilherme hesitou em falar sobre o que a namorada o contou –, mas ta, eu vou dizer: uma vez, a Luna sonhou com você, mas sabe né, sonho é sonho! E aí a Bia começou com a história de vocês dois ficarem e blá-blá-blá, e a Luna dizendo não, até que uma hora a Lua falou: ta bom, quem sabe – Eduardo ergueu uma sobrancelha e Matheus deu uma risada, no tanto, maliciosa.
- Hum, bom saber! – respondeu Matt.
- Mee, que rolo – espantou-se Eduardo.
- Nem fala cara, essas meninas são muito difíceis – concordou Guilherme.
- Mas você vai ficar com ela? Ou só vão ficar se fazendo de difíceis? – pediu Eduardo, dirigindo a atenção totalmente à Matt.
- Sei lá cara, às vezes até parece que vai rolar algo, mas daí sempre tem alguma coisa pra intrometer – falou o garoto lembrando.
- Beija ela de uma vez – disse Eduardo.
- Como se fosse fácil... E outra, eu não vou obrigá-la a nada, por isso sempre que eu tentava beija-la eu deixei, deixo, deixarei um espaço para, se ela quiser, sair – Matheus sorriu.
- Hum, é poisé, mas duvido que ela não queira – Guilherme falou dando uma risada de canto; maliciosa.
- E quando vocês vão namorar?
- Nossa piá, agente nem ficou nem nada.
- Então ta – Eduardo ergueu as mãos para cima, se defendendo. – Mas não demore, porque a Luna está carente-carente – ele repetiu as palavras com voz fininha. Matt riu e Guilherme também. – Cara, olhe aquelas meninas – o garoto falou devagar e fez expressão de assustado. Matt se virou para ver as tais meninas e Guilherme só teve que olhar para o lado.
- O que tem? – pediu Matheus.
- Que gostosas – ele continuava a falar devagar.
- Nem são! – falou Luna, sentando ao lado de Matheus. Guilherme e Matt riram.
- O rosto é feio, mas o resto... Meu filho, Deus caprichou – continuou Eduardo, agora falando normal.
- Cara, elas parecem que fizeram academia desde que nasceram, olhe... É exageradamente grande as coxas delas, e ainda são molengas, isso quer dizer, elas não fizeram academia! – Luna continuava não aprovando o gosto do garoto. – O que vocês dois acham? – pediu a garota. Matheus e Guilherme continuavam olhar as meninas, mas com a pergunta de Luna, voltaram à atenção ao grupo.
- Sei lá, eu as conheço, e não, elas não fizeram academia! – disse Guilherme. – Vou lá falar com elas – ele já estava levantando quando Luna o repreendeu.
- É só a tua namorada sair que você já vai atrás de meninas? – ela falava sério.
- Aliás, onde está as duas? – pediu Eduardo.
- No banheiro vendo o cabelo – Luna revirou os olhos.
- Cara, eu só vou conversar. Volto antes da Bia chegar – o garoto já ia em direção as meninas.
- Quero só ver. Mas, você não respondeu a minha pergunta Matheus.
- É até que são gostosas – ele sorriu e Luna bufou.
- Não sei o que vocês acham legal em coxas enormes, bumbum enorme.
- Fácil Luna, é legal você namorar alguém com coxas e bundas assim, tão generosas. Aonde você passar com ela, todos irão ver – respondeu Eduardo.
- Tem que aguentar – resmungou Luna.
- Ta, eu disse que eram gostosas, agora... Não adianta ser gostosa e não ser bonita – falou Matt, tentando resolver a situação – e falando a verdade.
- Ok, se não adianta ser gostosa e não ser bonita, também não adianta ser bonita e não ser gostosa? – pediu a menina.
- Não, olhe as modelos, elas não são “coxudas” e “bundudas” e fazem sucesso. Também tem aquelas frutas que, desculpe-me, algumas não são aquelas coisas lindas, só tem coxa e bunda, mas mesmo assim fazem sucesso. Tudo depende – explicou.
- Hum, e a Luna... Você a acha bonita? – perguntou Eduardo, dirigindo a palavra a Matheus, e consequentemente Luna corou.
- Acho, claro que acho – agora, de vez, Luna corou. Matheus sorriu e olhou para a menina que abaixou a cabeça.
- A Luna ficou envergonhada – cantarolou Eduardo rindo.
- Cala a boca – falou abafado Luna, que não tirava a cabeça das pernas. Não até o vermelhão desaparecer.
- Ei, cadê o Guilherme? – Beatriz e Stella já foram sentando.
- Bia, ele foi conversar com umas meninas que ele conhece – Matheus olhou para trás. – E eu não sei a onde esse piá se meteu – falou baixinho.
- As meninas eram bonitas? – a garota jogou um salgadinho para Stella e outro para Luna que já abriram os pacotes.
- Eram gostosas – se intrometeu Eduardo, antes de Luna poder dizer que não.
- Não se preocupe amor, você também é gostosa e é bonita – disse Stella, colocando salgadinho na boca. Matheus e Eduardo riram.
- É, nem precisa esquentar a cabeça, ele já volta – ajudou Luna.
- Ta, mas cadê ele? – pediu nervosa Beatriz.
- Sei lá, deve ter ido ver alguns piás que estavam na pista andando de skate – falou Matheus. Luna só sussurrou um obrigado.
- Se ele não aparecer em 15 minutos, eu vou achar esse piá e dar uma surra nele – brincou, é claro, Beatriz, mas ela falou sério sobre os quinze minutos.
- Ta, agora vamos mudar de assunto? Isso já está ficando tenso – Eduardo cortou o papo.
Eles ficaram – os quinze minutos postos por Beatriz – conversando sobre qualquer coisa que aparecesse. De cinco em cinco minutos, Bia pedia a hora.
- Legal, eu vou atrás desse idiota – reclamou Beatriz levantando.
- Quer que eu vá junto? – pediu Luna que estava imóvel sentada em forma de indiozinho, ou seja, de pernas cruzadas, ao lado de Matheus.
- Não, não quero ninguém junto comigo, pois o papo será Guilherme Idiota contra Beatriz Irritada – todos riram menos Beatriz que já estava indo atrás do namorado.
- Então ta – falou baixinho Luna, virando para frente e comendo os últimos salgadinhos do pacote.
- Essa menina tem alguma coisa! Não é possível, ele só foi conversar com as amigas, e o Guilherme disse que eles não tinham ciúmes um do outro – lembrou Eduardo, observando a garota andar batendo os pés.
- Não tem ciúmes? Bom, pelo menos ela morre de ciúmes. Talvez não transpareça, mas não é Luna? Ela é loca pelo Guilherme. Essa sim segue o ditado: cuido do que é meu! – disse Stella também catando os últimos salgadinhos do pacote.
- É verdade! – respondeu a menina.
- Sei lá, acho que ela só não quer que ele ache que ela está ficando ciumenta e que ele termine com ela – falou Matheus olhando para todos.
- Nossa, quantos “que”! – Luna fez uma cara de assustada, mas logo continuou. – Mas concordo com você, ela deve estar com medo.
- Já disse, essa menina tem alguma coisa.
- Fica quieto Eduardo, um dia, se você namorar você irá entender – repreendeu Stella, sorrindo.
- Entendi a parada – Luna sorriu e seus olhos brilharam.
- Eu também! – concordou Matheus rindo.
- O que? Que parada? – pediu Eduardo, como se não tivesse entendido.
- Nada não, deixa quieto, é loucura deles – Stella olhou para baixo enquanto falava.
- Ô Matheus? – falou bem devagar Luna, dando ênfase em algumas palavras.
- Fala – respondeu olhando para a garota.
- Que tal agente deixar eles dois sozinhos? – ela ria enquanto falava.
- Hum, agora eu que entendi a parada – Stella forçou os olhos, quase os fechando enquanto dava ênfase às palavras parada e eu.
- Então, por favor, me agradeça – Luna forçou um sorriso enorme.
- Você não entendeu – Stella revirou os olhos.
- Então? Vamos?
- Aham – foi a única coisa que Matheus respondeu. Se ele não estivesse rindo, com certeza Luna acharia ruim isso, e tudo se estragaria. Os dois levantaram e foram em direção ao “meio” do parque.
- Sabe, acho que eles dão muito certo – começou Luna se referindo a Stella e Eduardo.
- Eu também acho, só que ele não se decide se quer a “vida de pegador” ou a “vida de apaixonado namorando”.
- Prefiro a segunda – Luna riu.
- Também – disse Matheus. Luna olhou para ele, mas logo virou o rosto para frente dando uma risada fraca. Matt também riu.
- Quero só ver a Bia depois, ou ela vai estar fervendo por ter visto ele em algum flagra, e que Deus me livre isso acontecer, ou ela vai estar feliz da vida beijando e beijando o Guilherme dizendo que o ama e tudo mais porque ele estava só conversando com as meninas – Luna começou a falar, mas logo resumiu o que dizia pois percebeu que parecia um papagaio.
- É, coitada de você ficar escutando a Beatriz chorar ou falar que ama ele – Matheus ria. Eles ficaram em silêncio um pouco até que Luna se cansou.
- Ta eu vou jogar esse pacote de salgadinho chato e que fica me incomodando no lixo e já volto – ela já saía sem menos o deixar falar algo.
Não demorou 2 minutos a garota já estava de volta, Matt sentou em um banco atrás de uma árvore enorme e grossa. Luna achou o garoto e sentou ao seu lado.
- Ah que frio – ela olhou para cima e não via nenhuma nuvem.
- Aham – concordou o garoto. – Que horas são? – Luna pegou o celular.
- Três e meia. Ta certo, agora começa a ficar mais frio – ela passou a manga do moletom no nariz frio para ver se esquentava.
- Por isso que eu sentei, sabia que você tava com frio!
- E você não está? – ela perguntou erguendo uma sobrancelha.
- Não muito.
- Anormal – ela resmungou e revirou os olhos, fazendo Matt rir.
- Eu já te expliquei sobre isso – Luna nem precisou de muito esforço para lembrar do que ele tinha dito uma vez quando estava bem frio e ela estava abraçada a ele.
- É já explicou “Senhor Sabido” – ela riu e ele ficou espantado.
- Sabido?
- Aham, isso existe filho!
- Não zoa mamãe – os dois riram.
- É bom ler um pouco sabe? – falou Luna dobrando os joelhos e colocando os pés em cima do banco. Ela parecia uma bola quadrada (sim, eu amo o Chaves ♥).
- Eu leio ta! É capaz de eu ler mais que o Guilherme – ele sabia que o outro garoto lia muito, muito, muito, muito pouco.
- Até um bebe lê mais que o Guilherme – a menina brincou, é claro.
- Isso é um pouco difícil.
- Então!
- O que será que o Eduardo e a Stella estão fazendo? – o olhar de Matt se transformou em um olhar malicioso. Luna o olhou e ergueu uma sobrancelha.
- Asenhor você poluiu aquela cabeça acéfala com coisas maliciosas?
- Eu não, só eu e o Guilherme falamos para ele dar um jeito, tipo, pra ele ficar de uma vez com a Stella para ver se eles combinam e namorarem.
- Hum, eu não acredito que vocês conversaram isso, parecem até garotinhas – ela continuava olhando para ele, e ele para ela.
- Olha quem diz! – Matheus falou com um tom falso de indignação.
- Bem por isso – Luna sorriu.
- É falamos.
- Hum, falaram mais alguma coisa?
- Por que você quer saber? – ele fez uma cara de interrogação.
- Nada, só to pedindo.
- Falamos de cada um, do Edu com a Sté, do Guile com a Bia e de mim... – ele preferiu não terminar. As palavras “e de você” pareciam querer sair por conta própria dele, o controle que ele fazia para isso não acontecer era enorme, aliás, ele rezava para ela não pedir de quem.
- Você e quem? – Luna é curiosa de nascença, seria milagre ela não pedir. Matheus só pensava: inútil reza, inútil reza, inútil reza...
- Hum... Não importa – ele olhou para frente.
- Ah conta, por favor – os olhos da garota chegaram a brilhar.
- Não precisa – Matheus não olhava para ela.
- Conta, conta, conta, conta, por favor, Matt – ela virou o corpo para o garoto e ficou balançando o braço dele. – Asenhor acho que eu já entendi – ela ficou séria, mas na verdade não tinha entendido nada, era só um truque para ele falar.
- Entendeu o que? – agora ele olhou para ela.
- Isso, tipo, já entendi quem é e porque você não quer me falar.
- Então, quem é? – Luna tentava se controlar para não gritar “eu não sei me conta”, mas continuaria a fazer seu joguinho.
- Oras, você sabe – ela revirou os olhos.
- A vá!
- Só quero que você me fale para comprovar!
- Luna eu sei que você não sabe – ele apertou os olhos.
- Ta então fala – ela bufou.
- Ah eu disse – ele ergueu um braço.
- Conta! – Luna já estava ficando irritada, por isso, gritou.
- Ta calma – a garota revirou os olhos. – Er, e de você – ele falou sério.
Luna ficou imóvel. Seu coração iria explodir a qualquer segundo (assim como de Matt). Os dois se fitavam sem medo de parecerem idiotas. Depois de uns 30 segundos, Luna reagiu.
- E o que vocês falaram? – ela disse baixinho.
- Tipo, cada um falou de como vai a “relação” do outro com o outro – ele fez aspas com a mão.
- Hum, e como foi a tua conversa, tipo, sobre você? – ela continuava falando baixinho.
- Ah, os piás falaram que é pra gente ficar de uma vez – ele deu um sorrisinho malicioso. Ela riu bem pouquinho.
- Asenhor, e o que você respondeu? – Luna ergueu uma sobrancelha. A cabeça e a consciência dela gritavam: para com isso menina, olha os modos; mas ela não estava nem aí, já demorou muito para conseguir qualquer coisa.
- Eu disse que, hum... Iria, eer, tentar, e... Não iria te, hum – ele pensava nas palavras certas, e isso já estava irritando Luna. – Obrigar a nada – completou.
- Hum, e quem disse que você... Precisaria obrigar? – ela olhou profundamente nos olhos de Matheus, por isso percebeu que eles estavam quase grudados, a centímetros de distância.
Luna parecia tranquila e decidida, mas no fundo estava pulando (se desse) de alegria, gritando, cantando qualquer música que aparecesse. Matt também parecia calmo, mas seu coração iria sair voando (se pudesse).
- Não sei – ele olhou para a boca dela e logo voltou o olhar para o olhos dela.
Os olhos dos dois brilhavam feito purpurina (não me entendam mal). O brilho era intenso e deixava os olhos azuis-esverdeados-quase-cinza dos dois mais lindos ainda.
- O que você acha? – pediu baixinho a menina, dando um sorriso. Matt também deu um sorriso de canto. Certos 5 segundos se passaram e nenhum dos dois se moviam. Eles estavam mais (quase) grudados ainda. Matheus deixou de hesitar. Se aproximou mais, tocando nos lábios de Luna, enquanto os dois fechavam os olhos. Um beijo calmo, delicado, apaixonado, mas com desejo. Ela passou a mão no pescoço dele, e ele segurou na cintura dela. O beijo começou a ficar mais rápido, mas ainda não deixava de ser delicado. As línguas dos dois se entrelaçavam de um jeito tão diferente, que pareciam que os dois tinham treinado por anos. Eles não conseguiam pensar em mais nada. Nem o barulho do vento tocando as árvores, nem os passarinhos cantando, nem as falas das pessoas... Nada se escutava mais.

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